EXPEDIÇÃO AO MONTE ACONCAGUA – CAPÍTULO VII

EXPEDIÇÃO AO MONTE ACONCAGUA – O ÚLTIMO CAPÍTULO

 

EXPEDIÇÃO AO MONTE ACONCAGUA – CAPÍTULO VII

Nossa barraca-restaurante. Aqui tomamos café da manhã e jantamos.

Acordamos às seis, após uma noite relativamente bem dormida. A barraca nos permite, no máximo, ficar de joelhos, e todos os movimentos são desconfortáveis para quem não tem mais tanta flexibilidade e mobilidade.

Antes do Café, fiz a última caminhada pelo Campo de Confluência, estrutura que se mantém ativa por 4 meses no ano, com quase 50 profissionais permanente instalados pelas seis operadoras, guarda-parques e demais prestadores de serviços.

Orlando é um companheiro admirável. Alguém que pode dormir e dorme nos melhores hotéis do mundo, com seus 1,83 m, em nome de um projeto maior, de uma realização, dorme duas noites em condições tão precárias, sem reclamar, sem nenhum mal estar. Um professor de existência humana, desprovido de vaidade.

Hoje encerramos nossa Expedição ao Parque Nacional de Aconcágua. Foram três dias e vinte e seis quilômetros percorridos. Uma ascensão de 2.700 m a 4.000 m, com mais de 17 horas de caminhada.

Barraca dormitório para Equipes e grupos.

Na altitude, quando temos o controle mínimo sobre nossa respiração, inspiramos pelo nariz e expirados pela boca, mas não são poucas as vezes que buscamos o ar por onde ele esteja disponível. Esse controle – descontrolado está sempre em relação direta com a força que não sabemos de onde vem, mas que não falta.

As distâncias em quilômetros, dentro dos pontos da parque são reais, as de tempo de percurso… ah, essas dependem de muitas variáveis.

No primeiro momento, não planejei passar meu aniversário nas bases do monte Aconcágua. Depois, a ideia ficou fascinante.

Comemorar aniversário para mim nunca teve nada de tradicional, linear ou cultural. Fiz festas quando festas foram meus momentos e oportunidades, sem outras razões. Quando nada aconteceu, nada mudou.

Estar no Parque Provincial do Aconcágua em 10 de fevereiro de 2023 não é acaso, é consequência de vida, conversas, estudos, pesquisas, viagens, curiosidades, inquietações, ideias e planos. Tudo isso não se regula pela lógica do que convencionamos chamar de tempo.

Abandono aqui meus conceitos e preconceitos tradicionais de idade, de tempo. Assumo a condição de atemporal, de existir na lógica da noite e do dia, da primavera e outono, dos ciclos das chuvas e das secas.

A sensação de passar a viver na lógica natural da terra, é óbvia, mas é muito mais, é a tentativa e esforço de libertação de todos os preconceitos que a classificação numérica que a vida entre os humanas encerra. É abdicar da quantificação de algo que não cabe nos calendários humanos, nas idades determinadas por fatores lineares, nos prazos de validades. Ser o que se é e pode ser agora e a cada instante, independe de idade.

Tudo que acontece, dentro do campo do possível, e é feito é real, aconteceu e isso é o que importa. Como tudo mais na natureza, sou ciclo que um dia começou e, com certeza, irá se encerrar. O que importa são os processos, os caminhos percorridos, as histórias vividas.

Antônio Carlos Aquino de Oliveira

2 thoughts on “EXPEDIÇÃO AO MONTE ACONCAGUA – CAPÍTULO VII

  1. Um duplo abraço. Pelo aniversário e pelo éxito da empreitada. Vocês me convenceram. Pode contar comigo para as serras da Capivara e Confusões. Até já tenho o contato de um guia credenciado.

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