EXPEDIÇÃO AO MONTE ACONCAGUA

EXPEDIÇÃO AO MONTE ACONCAGUA – AQUI NADA É FÁCIL

EXPEDIÇÃO AO MONTE ACONCAGUA – CAPÍTULO VI

Não sei se pela altitude, pelo desconforto de dormir em uma barraca minúscula, pelo calor do dia e frio da noite, dormi muito mal. Acordei pensando em cancelar a razão da viagem – ir à Plaza Francia e ficar de frente para a parede sul do Aconcágua. Minha oximetria de 81 me mantém o tempo todo respirando com dificuldade, principalmente nos movimentos e esforços. Resolvi ir, com a concordância de Orlando.

Saímos cedo, com frio em boa parte do caminho, e foi sob a sombra das montanhas que tivemos conforto. Esse bônus não amenizou o esforço de sair de 3.400 metros e ir até 4.200, andar 16 km em 8 horas no clima hostil de vento, sol e secura dos Andes.

Com ar rarefeito, pouca aclimatação, nenhuma preparação, chegar à Plaza Francia foi a maior experiência de superação e determinação que já vivi. Fomos à exaustão em muitos momentos. Hidratação, frutas e sanduíche amenizam, mas não são a energia que se precisa nessas situações. Mas sem elas, se morre.

Saímos às 8h10 do Campo e chegamos à Plaza Francia às 13h00. Saímos às 14h10 da Plaza Francia e chegamos ao Campo de Confluência às 17h30. A volta, com muito mais descidas e com o sonho realizado, conseguimos um melhor ritmo. Estar na base do parede sul do Aconcágua, com seus 3.000 metros de parede é uma sensação indescritível, ainda mais após tanto sacrifício físico. Qualquer frase ou palavra não cabe para descrever.

Há um imenso aprendizado a disposição dos seres humanos, de todas as formas e natureza. Quem aprende, muda para muito melhor.

Em Expedições como essas aprendemos coisas sobre nós mesmos que não sabíamos e isso dá novo sentido à vida. Estar diante de ambiente tão mágico, de beleza indefinível, de tanta energia, mas hostil, violento e perigoso nos faz perceber a vida sobre outras óticas.