VIAGEM AO SERTÃO DA BAHIA – TERCEIRA PARTE

A VIAGEM AO SERTÃO DA BAHIA CONTINUA

VIAGEM AO SERTÃO DA BAHIA – TERCEIRA PARTE

Não viajo muito, viajo muito menos do que gostaria. Viajo enquanto posso, pois sei que um dia não mais poderei viajar, e chegará a hora que farei a minha última viagem. Viajo porque é a forma que mais gosto de aprender e conhecer. Viajo porque aprendi que essa é a essência e o resumo da vida, uma viagem que cada um tem liberdade para conduzi-la na direção dos seus sonhos, vontades, possibilidades… Escolhas!

“O Sertanejo é antes de tudo, um forte” – Euclides da Cunha.

De Monte Santo para Uauá “por dentro e direto” são 75 km de estrada de chão, passando por vilarejos como Lagoa Grande, Bernebé, Saco Fundo e Lagoa do Pires. Nesses caminhos se vê coisas…

Pensei que era uma espaçonave na pista… fui devagar… as cordas das tralhas tinham folgado. Ofereci ajuda… ele agradeceu! Não era um E.T. era um sertanejo.

Na sequência… a Jumenta, grávida, enxertada, prenha, linda e altiva, desfilava na estrada. Na prudência, fui devagarinho e pelo lado oposto. Parei, ela também parou, me olhou e segui… não imagino o que ela pensou, mas era impressionante a postura soberana e senhora de si da nobre gestante! Coisa da Natureza!

Soltos, livres, libertos: Abandonados não!!!! No Sertão ainda se cria animais soltos, em pastos coletivos, sem arames e cercas, mas todos sabem a quem pertencem. Têm donos e os donos tomam conta. Assim também são as crianças na roça: não existe menor abandonado!

No Sertão não tem racismo e preconceito. Todos têm o seu pelo, pele, couro, valor e a sua importância, e são respeitados por isso. Há uma inteligência natural nos sertanejos da roça e do mato. Existe algo degenerativo nos aglomerados urbanos, nessas fábricas de neurose chamadas cidades e as suas relações entre os diferentes iguais.

A Natureza “É” a Divindade, como é o corpo humano. A Palma, além de alimento dos animais é da gente, tem sua época de ser um fantástico jardim.

Viver no “meio do nada”, com quase nada, mas com uma árvore dessas na porta, ar puro, silêncio quebrado por pássaros, rugidos e mugidos. A vida de gente normal é de trabalho e luta, igual e diferente, mas tem que ter sentido.

A Coruja 🦉 me permitiu parar e fotografar!!! Fez pose!!! Achei estranho, até ver o ninho próximo – era pose de vigilante.

Achei algo estranho embaixo da árvore. Parei, olhei e era um burro na sombra. Burro? No nordeste quando o sujeito está muito bem financeiramente se diz: ” está com o Burro na sombra”. Burro não fala, dá exemplo.

Nos jardins da cidade “Cabeça de Frade” tem alto custo e muitos significados. Nos complexos jardins do sertão, ele cumpre o seu papel mais que decorativo e místico.

Quanto um paisagista, arquiteto e decorador cobraria por uma obra destas?

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