Moradores de Belém se aglomeram nas ruas em meio à pandemia

Uma Catástrofe Anunciada – Por Antônio Carlos Aquino de Oliveira

Não é da tradição do povo brasileiro analisar os fatos e intervir nas situações a partir das suas causas, a origem dos problemas. Não temos a cultura da prevenção.

A predileção de parte do nosso povo é pela guerra de opiniões, a imposição das razões individuais sobre os interesses coletivos, um viés autoritário. O vício do bate-boca e da polêmica é um exemplo típico de quem não busca solucionar as questões a partir de suas verdadeiras causas, “cortar o mal pela raiz”.

Nota-se no cotidiano do brasileiro o apego ao comportamento de torcida, movimentos de massa, uma preguiça histórica de mudar a realidade que nos aflige e destrói a partir do enfrentamento das suas verdadeiras causas. É preciso atacar os problemas nas suas reais origens com ações e atitudes, sem desculpas ou desvios.

Fugir das reais causas dos nossos males e focar apenas nas consequências, sem mudar a realidade, é uma terrível marca da cultura nacional.

Sabendo que velhas doenças, dominadas e conhecidas, continuam nos matando, seja por ignorância coletiva, por negligência governamental ou irresponsabilidade individual, como poderemos imaginar que seremos capazes de vencer essa terrível pandemia sem centenas de milhares de mortos?

Se Dengue e Chikungunya, doenças conhecidas e evitáveis a partir das ações das pessoas educadas associadas ao trabalho sério dos Governos não têm tido controle, como vamos controlar e nos salvar de uma doença viral da qual muito pouco se sabe?

Na terra em que sarampo, varíola, tuberculose, aids e outras doenças continuam matando em decorrência do analfabetismo, da ignorância, da falta de educação e higiene, da falta de respeito e amor por si e pelos outros, da omissão do Estado, como será construída unidade mínima para vencer a Covid-19?

A esperança, mais uma vez virá da vacina e dos remédios que o mundo descobrirá, mas, até lá, continuaremos morrendo por indisciplina, maus hábitos e péssimos costumes.

É hora de parar para pensar um pouco nas causas dos problemas, estudar de onde vêm e porque as tragédias acontecem, romper o compromisso de apenas focar nas consequências, e combater as raízes deles.

Faz parte da nossa tradição culpar os amigos – as más companhias – pelos desvios dos nossos filhos, os herdeiros responsabilizarem seus pais e mães pelas escolhas erradas que fazem, dar ao passado todas as justificativas pelos erros que se comete no presente. Isso precisa mudar.

É do nosso anedotário a orientação de tirar os sofás das salas para combater os adultérios das esposas infiéis, típico de quem não quer resolver verdadeiramente os problemas, atacar suas reais origens e verdadeiras causas.

Mudar não é para quem quer, é para quem pode e faz.

Antônio Carlos Aquino de Oliveira, Colunista, Falando Sério
Antônio Carlos Aquino de Oliveira – Colunista

 

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