Um filme diário de terror sem fim – Por Antônio Carlos Aquino de Oliveira

Em março, a perplexidade, o susto e a total falta de orientação que nos envolviam não davam aos números de óbitos pelo coronavírus o terrível peso que hoje, diariamente, trazem.

A perplexidade continua. Os números parecem o odômetro de um veículo em uma viagem sem rumo e direção. Eles engolem ídolos, grandes personalidades, gente amiga e conhecida, gente como a gente. Assustam e preocupam.

O passar dos dias relaxa os comportamentos, mas não ameniza os números, as estatísticas e as projeções. Se 114.250 (números de 22/08) pessoas nos deixaram de forma intempestiva, então milhões de pessoas foram duramente impactadas, diretamente afetadas. Não há clima de comemoração em um país enlutado. Essa realidade cruel não é brincadeira, não dá para negar.

Essa doença une a todos de forma perversa, não separa o joio do trigo ou o ruim do bom, ou protege uns e contamina os outros. Os irresponsáveis estão no mesmo patamar dos inocentes e responsáveis. Os que não perderam ninguém para o Covid-19 não têm o que comemorar, como também ninguém está livre de ser atingido por essa tragédia. Os exemplos de negacionistas afetados estão acontecendo.

Não podemos banalizar os números, não podemos achar que são apenas informações do dia a dia. É preciso empatia, é preciso sensibilidade humana para viver esses dias sem neurose, mas com responsabilidade.

Os números são apenas números para os que não são atingidos por eles, mas precisam ser respeitados.

Segundo balanço diário divulgado neste sábado (22) pelo Ministério da Saúde, o Brasil possui 3.582.362 casos já confirmados; 2.709.638 se recuperaram; 114.250 pessoas perderam a vida; a taxa de letalidade (número de mortes pelo total de casos) está em 3,2%,; e a de mortalidade (quantidade de óbitos por 100 mil habitantes) em 54,4. Já a incidência dos casos de covid-19 por 100 mil habitantes está em 1.704,7.

Antônio Carlos Aquino de Oliveira