Trocando fel por mel – Por Antônio Carlos Aquino de Oliveira

Quando chegamos ao fim de um ano ruim, sempre nos enchemos de esperanças para o que está por vir. É a magia do clima de natal. Não tem sido fácil para os brasileiros, em especial os trabalhadores e empreendedores, a sucessão de anos ruins, de altos e baixos, de crises sistêmicas, estruturais e continuadas. Todos sabem as causas. De forma desigual a grande maioria paga as consequências, em cumplicidade todos silenciam. Os que mantêm a sanidade física e mental têm muito a comemorar, sendo o equilíbrio financeiro e econômico um bônus desejado, porém cada vez mais dificultado.

O lançamento, neste mês de dezembro de 2021, do volume I do livro “Reflexões de um cidadão do mundo”, coletânea de 176 páginas, organizada por Vicente Amaral, em formato impresso (edição limitadíssima) e formato digital, pela Gulliver Editora, contendo mais de 70 artigos de minha autoria, publicados pelo periódico Ei, Táxi, de Adriano Rios Borges, vem em um momento de muitos questionamentos e verdadeiras reflexões.

Minha redação sempre foi criticada pela dureza, acidez e, às vezes, pela agressividade. Minha insistência em tal forma é justificada pelas verdades, pela honestidade e realidade em que se baseiam os conteúdos.  Como dizia o poeta “… eu não sei chupar limão sem fazer careta, eu não sei dizer que é branca a coisa que vejo preta…”. O cinismo, a hipocrisia, a falsidade e a canalhice me incomodam visceralmente. Alguns concorrentes e conhecidos sabem disso e disso se aproveitam nos embates nos campos das disputas de negócios e opiniões. Dizem ser meu ponto fraco. Creio que seja.

Mas, após duas conversas que tive hoje, vou trocar o fel pelo mel o máximo que puder doravante.

Começo jogando a toalha nas lutas inglórias e nas batalhas perdidas – já não tenho mãos para dar murro em ponta de faca. Se não fiz curso de anjo e santo, muito menos para herói. Então, vamos relaxar que não somos Santa Luzia para dar luz aos cegos e tentar abrir os olhos dos que não querem enxergar.

No café da manhã encontrei um empresário, ex-colega de faculdade e velho amigo. Após todas as reclamações e queixas da vida do mundo empresarial, ele me contou dos seus problemas de saúde. Com todas as dores e pesares, é sempre bom ouvir, falar e conversar respeitosamente com um amigo velho, um velho amigo. Depois, ele puxou assuntos de política, do que ele chama de política. Aquelas conversas em que as pessoas defendem seus lados, seus candidatos e governantes sem se preocupar com o nexo ou sentido. Ouvi. Não há nenhuma possibilidade de conversas sérias, construtivas e produtivas sobre futebol com torcedores apaixonados. Não há razão que faça sentido diante da paixão. Os fatos e a verdade não interessam aos que já têm opinião formada sobre tudo e todos.  Deixei claro para ele o meu apreço e consideração acima das crenças e pontos de vista. Troquei o fel pelo mel.

No almoço, encontrei, conversei e troquei informações e opiniões com uma grande amiga. Mulher bonita, no sentido além do físico, de fibra. Mãe, avó, empresária, idealista, naturalista, espiritualista.  Uma gente especial que só faz bem a outras gentes. Por anos falamos do que faríamos na “prorrogação do terceiro tempo” (tema de um livro que pretendo escrever). Viajei nas viagens dela sempre evitando o meu viés racional típico dos administradores, o mau hábito do pé no chão sempre. Ela, assim como eu, é do tipo que busca aglutinar pessoas em torno de uma ideia, um projeto: uma proposta. Ela desistiu desse papel, mas achou uma substituição à altura: vai se juntar a um grupo de seletas pessoas que vivem em uma comunidade igualitária, solidária e cooperativa. Tem feito testes, incursões e estágios para a mudança final. Gente de paz em busca de preservar a paz que tem.

Duas histórias e dois encontros. Meus olhos me mostram duas realidades extremas e opostas no mesmo momento de vida de duas pessoas diferentes: uma em busca de avançar na sua liberdade de Ser e na forma simples de viver; outro preso a uma lógica social – econômica – política que ele mesmo escolheu para se acorrentar e escravizar. Escolhas! – Todas têm preços, custos, consequências.

Meu momento é esse, de tentar abdicar do fel em busca do mel. Se há muitas dúvidas do que e como fazer com os meus saldos de vida e tempo, não tenho nenhum questionamento sobre o que não quero e não desejo mais para mim. É no exemplo dos meus amigos e amigas, nas minhas experiências e nas deles que está o meu maior tesouro na busca das informações para as decisões mais acertadas. É assim para todos!!!

Tempos esquisitos vivemos, é fato. Pandemia e vírus são partes do contexto. No fim de um ano muito louco, de tantas loucuras que fizeram contra todos nós, e nós contra nós mesmos, cabe aproveitar os ventos de mudança de calendário, de 1 para 2, do que se foi para o que há de vir, para trocar o fel pelo mel.

Que sejam melhores os novos tempos. Que os livres voem, que os acorrentados e algemados conheçam os fantásticos ventos da liberdade!

Antônio Carlos Aquino de Oliveira, Colunista, Falando Sério

 

 

 

 

Antônio Carlos Aquino de Oliveira

Administrador, Consultor, Palestrante e Empresário do setor de publicidade

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