SOS Barra Grande
Por Antônio Carlos Aquino de Oliveira
Conheço o litoral baiano da divisa sul, com o estado do Espírito Santo, à divisa norte, com o estado de Sergipe, e posso afirmar que poucos lugares no Brasil são tão lindos quanto os cinquenta quilômetros de praias da península de Maraú.
Na verdade, trata-se de um lindíssimo e maltratado complexo de baías, deltas, hidrovias e fozes de rios, o mais rico mundo náutico–marítimo–fluvial do estado. Conheço essa região desde a infância bem vivida na região cacaueira e no baixo sul, no tempo da fartura, abundância, matas virgens e dunas preservadas.
Lamento não dedicar esse artigo a descrever as belezas naturais da terra que tanto amo e divulgo, mas para denunciar, cobrar providências e pedir apoio ao lado abandonado, maltratado e esquecido daquela gente e região.
Recentemente, nesse mesmo periódico, escrevi um artigo sobre o caos das administrações públicas da região do cacau. Agora, após uma visita intempestiva e com olhar crítico a Maraú, Taipu de Fora e Barra Grande, pude constatar a precariedade do sistema de segurança, rodoviário, de saúde e infraestrutura do local e da região.
Em contraste com as belas casas, pousadas, bares, barracas de praia, restaurantes e adequado aeroporto, Barra Grande tem apenas uma Unidade de Saúde da Família para atender um dos maiores polos turísticos do país, onde moradores e visitantes praticam, o tempo todo, a trabalho ou lazer, esportes radicais como andar de barco, jet-ski, motos e quadriciclos. É inacreditável ver como as pessoas, sem proteção, equipamentos e máquinas adequadas, pilotam por dunas, areais e estradas de péssima conservação.
Maraú com seus 823 km² de extensão, suas belas praias, lagoas e rios cresce de forma exponencial e não faço a menor ideia sob qual planejamento e controle, mas, após a terrível tragédia com um avião em novembro, com vítimas fatais, os aspectos de segurança, saúde e proteção da população local, residentes e visitantes, chamaram a atenção. Qualquer emergência ou situação mais grave para ser resolvida é preciso viajar de barco até Camamú, de carro por estradas terríveis até o asfalto para percorrer quase 300 quilômetros até Salvador, 120 até Ilhéus ou via área.
Além dos poderes públicos com suas responsabilidades constitucionais e legais, cabe também a todos que investem na região preocuparem-se com os serviços de emergência médica, ambulâncias, carros de bombeiros, segurança pública e viária, planejamento urbano e rural, preservação ambiental, uso de solo e regularização fundiária naquele paraíso ameaçado.
A região de natureza mais diversa e rica da Bahia, umas das mais lindas desse país, Maraú, Camamu, Cairú, Ituberá, Valença, Taperoá, Nilo Peçanha, Itacaré e outras localidades não podem ser abandonadas à própria sorte, não podem ser deixadas apenas aos cuidados das administrações municipais, precárias, falidas e desestruturadas para tamanho desafio.
Cabe, urgentemente, a atenção da inciativa privada, do Governo do Estadual e Federal para com aquele paraíso, com aquele patrimônio mundial, especialmente com a gente de lá e as pessoas que lá visitam.
Cuidem do que é nosso, cuidem de nós.
Antônio Carlos Aquino de Oliveira – Administrador