SÉTIMO DIA NO CAMINHO DE SANTIAGO
O sétimo dia no Caminho de Santiago começou frio, mas com sol.
Saímos às 8h30, com disposição e ânimo renovados para cumprir a sétima etapa de nossa jornada. Foram 21,21 km entre Pontevedra e Calda de Reis.
Apesar de nunca termos viajado juntos e muito menos caminhado juntos, Orlando e eu conseguimos manter o mesmo ritmo e o mesmo entendimento no caminhar, nas formas e ritmos de subir e descer terrenos secos ou molhados, e nos momentos de pausa para descanso e hidratação.
Os Templos, Capelas e Igrejas do Caminho são capítulos à parte. O Catolicismo na Europa é muito forte e se reflete claramente na preservação das Igrejas, nas Missas, nos sinos a lembrar as horas e chamar os fiéis para as Missas.
Igreja de São Tomás
O Império Romano é considerado a maior civilização da história ocidental, tendo durado cinco séculos, de 27 a.C. a 476 d.C.. É maravilhoso ver obras de mais de 1.600 anos preservadas, e mais fantástico ainda, ver esses equipamentos urbanos e rurais servindo a viventes humanos nos anos 2022 d.C.
Os Romanos estabeleceram-se na área de Caldas de Reis pela importância de suas fontes termais, nas quais tomei hoje um banho de uma hora. A localidade aparece no Itinerário de Antonino, o mapa rodoviário do Império Romano do século III, na Via XIX, a estrada que ligava Bracara Augusta, atual Braga, a Astúrica Augusta, atual Astorga.
Caldas foi sede episcopal até 569, ano em que a sede foi transferida para Iria Flávia, atual Padrón, para onde iremos amanhã. Nesse tempo foi sede de um concílio de bispos galegos convocado pelo papa São Leão, em 400.
Caldas denomina-se “de Reis” porque ali nasceu Afonso VII de Leão e Castela, filho de Urraca I e de Raimundo de Borgonha, conde da Galiza. O castelo que a rainha tinha ali foi derrubado e suas pedras foram usadas na construção da igreja de São Tomás, cuja foto aparece nesta postagem.
Amanhã empreenderemos o penúltimo trecho do Caminho Português de Santiago de Compostela. Andamos, caminhamos, atravessamos cidades e bosques, subimos montanhas, atravessamos pontes. Passamos os últimos 7 dias caminhando. Dias de almojanta, dias de noites bem dormidas à exaustão, de dores por todo o corpo. Dias de acordar cedo, andar na chuva e com frio, de não desistir quando a vontade de fazê-lo se apresenta. De suar muito. Dias de excelentes comidas e vinhos. Dias de conversas entre amigos, de reflexões, estudos, pesquisas e observações.
Me encanta caminhar horas e horas pelas Vilas Rurais com suas belas casas muito bem conservadas, próximas, mas separadas pelas hortas e quintais. Uma festa ver que na Europa o conceito de aposentadoria não tem nenhuma similaridade com a visão e postura dos aposentados no Brasil. Aqui velhos trabalham como jovens e vivem como outros de todas as idades.
Essa ponte da era romana, me fez pensar sobre a guerra.
Criar e preservar leva tempo, saquear e destruir é num instante.
Velho amigo, lhe parabenizo pela fantástica aventura, espero que conclua com saúde e paz de espírito, no retorno vamos marcar para vc contar as experiências.
Um abraço.