SER OU NÃO SER PEREGRINO

Ser ou não ser peregrino, eis a questão. Nada escapa às discriminações, preconceitos e classificações dos rotuladores.

Ser ou não ser peregrino, eis a questão. Como já relatei em outros textos, nos 240 km que percorri por caminhos portugueses e espanhóis, do Porto a Santiago de Compostela, vi todo tipo de gente caminhando, cada um com seus sacrifícios, limites e motivações.

São muitos os trajetos e roteiros até Santiago partindo dos mais diversos lugares, com as mais diversas distâncias. Para os certificadores oficiais, são considerados peregrinos, aqueles que fazem e comprovem ter feito uma caminhada de no mínimo 100 km.

A infraestrutura do Caminho de Santiago é muito boa, embora tenha ainda muitas falhas de sinalização e informações, o que não compromete os resultados. Os piores trechos são os urbanos, às margens de rodovias, o que leva os caminhantes a andarem mais para evitá-los.

São muitos os “Caminhos Santificados” espalhados pelo mundo partindo dos mais diversos lugares para algum Santuário, mas o que verdadeiramente importa é o que cada peregrino e caminhante carrega dentro de si, leva e deixa, aprende e melhora com o que aprendeu.

Observei antes de ir, e agora no meu retorno, um falso e preconceituoso debate sobre rotulação e classificação dos “tipos de peregrinos”, como se houvesse diferença entre eles pelas condições econômicas que tenham. Quem caminha peregrina, quem vai de carro é turista. Como dorme, o que come e bebe, em que ritmo anda, o que calça e veste para andar, o tempo que gasta, tudo isso é uma preocupação apenas dos que tentam classificar pessoas, nunca será dos que andam com fé e por fé, por busca e encontros.

Enfim, gente de Deus é que pratica no dia a dia o que nos ensinou Jesus Cristo, o resto são falsos profetas e cristãos de conveniências.

https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2022/06/04/sem-mochila-ou-albergue-conheca-a-versao-luxuosa-do-caminho-de-santiago.htm

Em albergue, ou em hotel de qualquer categoria, um homem que busca sempre será alguém a ser respeitado. Se essa pessoa se torna melhor passa a merecer também admiração. Nas estradas da vida todos merecem merecem respeito, porém, nem todos se mostram dignos de serem respeitados. Assim é a vida dos humanos na terra.

Cabe lembrar que, para os brasileiros, qualquer trajeto do Caminho de Santiago é condição cara, se consideramos o câmbio de seis reais para um euro, os preços de passagem para atravessar o Atlântico e as despesas mínimas. Não é preciso discriminar, rotular pessoas ou aparatá-las. As condições individuais de sobrevivência e existência, em qualquer parte do mundo já fazem isso.

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