REVOLTADOS
REVOLTADOS
Eu os percebo, revoltados!
Todos ao seu lado são os culpados. Todos são as causas, e vocês as consequências Todos são algozes, e vocês as inocentes vítimas.
Eu os percebo angustiados, tristes e agressivos, sozinhos e isolados, fechados em grupos iguais.
O mundo é inimigo, os sistemas opressores, as demais almas suas obsessoras. Nada presta ou serve, tudo é ruim e amargo, o sorriso é irônico e os gritos são de raiva. Assim estão.
A humanidade caminha na contra mão dos caminhos que vocês traçaram e querem a todos impor; a razão lhes pertence.
A verdade é só de vocês, mas ela os oprime, sufoca e mata pouco a pouco.
Não há espaço para a paz no seu existir, as guerras são permanentes, as crises e o caos são seu jeito de viver; as lutas constantes, seu jeito de ser.
Eu os percebo revoltados, autoritários, ferozes, radicais e fanáticos. Ditadores, inquisidores, doentes e isolados.
Em tudo é percebido o desejo de também vê-los livres, independentes, soltos, humanos, no melhor sentido. Nessa cruel realidade, a vontade é de vê-los fracos, falíveis, ouvintes, sensíveis, em permanente aprendizado e mudanças.
Eu os entendo revoltados. Não há erro no sentir, mas sim em permanecer na condição, na ira, no alienante e enlouquecedor jogo de culpa e culpados, de erros e errados.
São grandes as perturbações, as agitações em seus corações, a insubmissão à autoridade, às regras e leis, mas revoltados não são necessariamente revolucionários transformadores e construtores de novos mundos e melhores realidades.
A revolta necessária é a que liberta, não a que aprisiona. A coragem que impulsiona jamais é inimiga do medo que salva.
Em tudo é preciso sentido, razão e equilíbrio.
Antônio Carlos Aquino de Oliveira – julho / 2022