O Império dos Minúsculos – Por Antônio Carlos Aquino de Oliveira
Minúsculos são todos os seres humanos que, no exercício dos cargos públicos, corrompem e são corrompidos, mentem e enganam, traem sem pudor e honra os compromissos com a sociedade que os elege e sustenta.
Em um ano, com mais mil de nós, brasileiros, morrendo a cada dia, assistimos, aturdidos e perplexos, a negligência dos governantes e políticos que sustentamos, seus absurdos jogos de interesses e poder, em detrimento do interesse público, da vida.
Não caiu do céu, ou foi de graça, a força e o poder que os minúsculos, os inexpressivos e os ignorantes politiqueiros conquistaram e acumularam ao longo dos anos, enquanto as pessoas de bem se dedicavam a estudar, ensinar, aprender, trabalhar e produzir, construir famílias e empresas. O labor sério tomou tempo e tirou os espaços para outras atividades e possibilidades políticas ao cidadão comum. Essa é uma das razões dos espaços abertos a muitos parasitas e oportunistas políticos. Como não existe vácuo de poder, os desocupados e ardilosos, individualmente ou em grupos, ocuparam os espaços deixados pelos cidadãos do bem, criaram partidos e corporações para o exercício do poder político predador. Assim fizeram também nos espaços institucionais dentro das máquinas públicas. Enquanto os melhores, homens e mulheres, profissionais concursados dos órgãos públicos, sustentavam o funcionamento da máquina do Estado, os parasitas, sem ética e pudor, estruturaram suas redes de tráfico de influência, de crime e poder.
Em muitos segmentos da iniciativa privada também se deram iguais movimentos. Seguindo as regras éticas, a maioria sempre enfrentou imensa dificuldade para crescer e se estabelecer, entretanto, os sonegadores, os corruptores e chantagistas ocuparam a liderança em muitos setores onde a fachada e o glamour escondem o lado podre e perverso de verdadeiras máfias.
Pela honestidade e pelo trabalho muitos venceram, alcançaram sucesso, prosperidade, fama e poder, mas, como os honestos e sérios tem limites éticos a seguir e respeitar, ao longo do tempo tiveram os seus espaços limitados em muitos aspectos. Os de bem estão expostos, registrados e controlados pela máquina do Estado. Os bandidos não. Eles estão nas sombras, nos bastidores, na invisibilidade dos pântanos, não são controlados e fiscalizados.
Com o passar dos tempos, sem articulação e união, a ética e a honestidade sucumbiram dentro dos poderes públicos e das estruturas corporativas da iniciativa privada. Os raros órgãos públicos eficientes viraram ilhas, sempre em risco de ataques. As entidades públicas e privadas, sindicatos e associações, conselhos e ordens foram sorrateiramente invadidos, aparelhados e subjugados pelos Minúsculos. Os interesses públicos e da maioria foram, aos poucos e sistematicamente, excluídos das pautas, vergonhosamente abandonados.
Os Minúsculos assumiram o poder sem regras, exceto as que eles criam para se perpetuar no poder. Não há limites para submeter tudo e todos às suas lógicas gananciosas. Os normais continuam trabalhando, estudando, pagando impostos e taxas, sem tempo, condições, espaços e ânimo para brigar e reclamar. Os Minúsculos venceram, dominaram.
Quis a natureza que essa pandemia mostrasse a verdade dos Minúsculos, do que são capazes de fazer de mal e ruim à nação e a toda a sociedade. Eles estão expostos pelo poder que acumularam, pelas suas práticas e atitudes nos cargos que ocupam. E os homens e mulheres de bem, continuam trabalhando e estudando, pagando impostos e taxas, cuidando de suas vidas, protestando timidamente nas redes sociais, já que espaços políticos não têm.
Não há para quem apelar. Os poderes da República estão dominados, contaminados, subordinados aos grupos liderados pelos Minúsculos.
Os espaços de diálogos e convivência nas redes de relacionamentos estão sendo reduzidos a quase nada diante de tanta irracionalidade e intolerância que parecem contaminar a maioria das pessoas. Velhos conhecidos revelam-se intoleráveis e por tanta intolerância e radicalismo tornam impossíveis as convivências, ampliando o isolamento dos que ainda pensam com razão e sensatez.
Não há como negar o desânimo diante da impotência a que a inteligência está submetida. Não há muito com quem falar sério de temas tão sérios e dar consequência aos debates.
Resta continuar assistindo ao teatro dos horrores, às lutas sem regras entre os Minúsculos, cada vez mais perigosas diante das possibilidades de expansão e hegemonia absoluta dos piores entre os piores.
O poder em mãos erradas é como câncer sem tratamento, vai dominando todo o corpo, até a sepse, a morte total.
Antônio Carlos Aquino de Oliveira
Administrador, Consultor, Palestrante e Empresário do setor de publicidade
E quando foi diferente do que é hoje? Na Colônia, no Império com Pedro Banana? Na República? Acorda homem! Aqui e no resto do mundo políticos tem a mesma fama.
Mudam de nomes e de métodos, mas na essência…….