Não tenho medo de morrer, tenho respeito à vida! – Por Antônio Carlos Aquino de Oliveira
No ano passado, apenas por coçar a cabeça com a mão suja, fui contaminado por uma bactéria que me levou a uma semana de internação hospitalar. Em uma das noites de febre e delírio achei que ia morrer. Não tive medo, mas fiquei estarrecido em perceber como uma bactéria, invisível a olho nu, mata homens de qualquer tamanho.
Com todas as minhas limitações intelectuais e de conhecimento, sempre entendi que saúde e vida são as mesmas coisas, têm o mesmo sentido e significado. Todos os riscos que já corri, corro e correrei sempre passaram e passarão pelo respeito à vida. Morrer é natural, mas a forma importa.
Desde o início dessa pandemia tomei consciência que eu e todos os demais humanos sobre o planeta estaríamos e estamos em risco. Conscientemente escolhi evitar ao máximo correr riscos desnecessários. Escolhi ouvir o lado da ciência, do conhecimento cientifico, mais claro, mais sensato e óbvio para um leigo em medicina com um grau mínimo de educação, com muito a aprender.
Tenho consciência que os médicos também erram e seus erros também matam, que remédios curam mas também matam, mas considero um grave erro a automedicação e um crime um leigo prescrever remédios a outras pessoas.
Não tenho medo de morrer, mas a forma importa. Existem formas naturais, normais e dignas de morrer. Existem formas vergonhosas e idiotas de morrer.
Não tenho medo de morrer, mas a forma importa. Morremos um pouco a cada dia, é fato, mas são angustiantes as mortes que decorrem das inúmeras formas de violência urbana e social, da negligência com os cuidados pessoais ou os absurdos criminosos oficiais – governamentais.
Desde o começo, os Governos no Brasil foram incompetentes na comunicação e na coordenação do enfrentamento à pandemia. Muito mais que isso, irresponsáveis. Além dos milhões de mortes pelas mais diversas doenças e formas de violência, a tudo se somarão mais duzentas mil vidas ceifadas por um vírus, um vírus invisível e fora de controle.
Não tenho medo de morrer, mas não sou maricas, não sou covarde, conheço meu pai e minha mãe. Não tenho medo de morrer, mas sempre respeitei a minha vida e a vida das demais pessoas. Como cidadão em risco busco preservar-me e a todos, ao máximo, mas confesso, decepcionado, que uma parte da minha gente me envergonha, me entristece. Eles são ignorantes – suicidas, ou meu lado maricas e ignorante se revelou?
Não estou em pânico, mas tenho amor em meu coração, consciência em meu cérebro e dignidade em meu caráter. Nada está ok, tá bom? 2020 não foi um ano perdido, pelo contrário, será um ano inesquecível, de grandes revelações, de imensas e doloridas lições. As pessoas se revelaram para si mesmas e para o mundo. Agora está claro o tamanho de cada um, seus valores e significados, suas importâncias para si mesmos e para o mundo. Alguns se revelaram fundamentais, necessários e indispensáveis à humanidade.
Outros não deveriam ter nascido, mas, infelizmente, nasceram para fazer o mal, destruir, para serem nocivos. Esses têm corpo e forma, mas não são gente.
Antônio Carlos Aquino de Oliveira
Administrador, Consultor, Palestrante e Empresário do setor de publicidade
Excelente reflexão. Mas o desabafo do último parágrafo é inusitado.
Mais um brilhante texto de Antônio Carlos Aquino, desta vez expressando a sua dor e receio, que todos nós também temos e nos fazem reflexivos sobre o futuro. Saúde SEMPRE, bom Aquino !