Não preservar seu próprio patrimônio é sinal de decadência de um povo – Por Antônio Carlos Aquino de Oliveira
O outrora imponente prédio do Instituto do Cacau da Bahia (ICB), símbolo da também outrora pujante Cacauicultura baiana, irmana-se, hoje, na sua dolorida, vergonhosa, degradada e degradante situação.
Em 1931, há 90 anos, Ignácio Tosta Filho criou o, hoje, abandonado Instituto, mas a sede foi inaugurada em 1936.
Com projeto do alemão Alexander Buddeus, feito em 1932 o prédio é um tesouro da arquitetura e engenharia da Bahia, um raro exemplar em Salvador da arquitetura Bauhaus, estilo considerado moderno no Século XX, também especial pela localização, na zona portuária, entre a Avenida Estados Unidos e Avenida da França com as ruas Espanha e Noruega, próximo à Praça Marechal Deodoro.
Em 2012 o prédio sofreu um incêndio. Passaram-se nove anos e o que estava ruim ficou pior. É a cultura antropofágica da política baiana que acabou com a Sulba – Companhia Viação Sul Baiana, com a CEPLAC, com as empresas de Extensão Rural e tantos e tantos outros patrimônios públicos erguidos com muito esforço, dinheiro e trabalho de gerações passadas.
Em 2002, há 19 anos, o Edifício Sede do ICB foi tombado pelo IPAC-BA. Na Bahia, em muitos casos “Tombamento” significa descaso e tombamento – queda – derrubada – abandono.
Por estar ao lado do Terminal Marítimo, Náutico e Turístico de Salvador, mantendo, dinamizando e ampliando o Museu do Cacau, o lugar poderia ser um fantástico cento gastronômico, um centro de convenções, qualquer coisa séria e útil que não seja o trágico fim que se avizinha, na terra onde se fala de preços das coisas, mas não se tem ideia de valores dos patrimônios e riquezas.
Antônio Carlos Aquino de Oliveira
Administrador, Consultor, Palestrante e Empresário do setor de publicidade