ME SENTI EM CASA

ME SENTI EM CASA

ME SENTI EM CASA

Nos tempos de secundarista e da universidade, nos idos anos 70 e 80, quase toda Salvador, sua região metropolitana e recôncavo, era a nossa casa. As casas dos amigos eram nossas, suas mães, pais e irmãos eram nossos também.

Éramos legítimos donos de todo o litoral, das noites de lua, do mar sem fim. Éramos capitães de areia, biribanos, ovelhas negras, craques, músicos, estudantes, namorados enamorados apaixonados por elas, pelas outras e pela vida.

As casas, simples ou luxuosas, eram por igual acolhedoras para todos nós. Nossos corpos eram magros, nossas roupas não tinham marcas e grifes, nossas barbas e cabelos eram grandes como as nossas energias. Os bares eram extensões das nossas atividades. As ideologias e religiões não subordinavam as nossas liberdades e hormônios.

O mundo era nosso!!!

Hoje, na adaptada e desfigurada casa de Vinicius de Moraes em Itapuã, havia muitos fragmentos daquela época.

Viajei!!! Que felicidade!!!
Confesso, juro: vivi tudo aquilo!!

As frases eram tão nossas, tão íntimas e próprias, tão dos nossos amigos, sussurradas em confissões de pé de orelha que mergulhei no túnel do tempo.

Itapuã era areia, lama, água de coco e peixe, cachaça e cerveja, libido, poesia e música, acarajé e caranguejo, mergulhos e jacarés.

Lembranças só tem quem viveu. Nossas histórias são páginas do livro de nossas vidas vividas.

Hoje, sem planejar, fiz uma viagem inesperada às minhas velhas casas, a um jeito de viver que eu vivi.

 

 

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