IMERSÃO NA CHAPADA DIAMANTINA – SEGUNDA PARTE

A IMERSÃO NA CHAPADA DIAMANTINA CONTINUA

 

IMERSÃO NA CHAPADA DIAMANTINA – SEGUNDA PARTE

Na cidade de Mucugê, o Cemitério Santa Isabel, mais conhecido como Cemitério Bizantino, é uma das atrações locais

A origem do nome é um mistério de muitas versões, já que a arquitetura não tem características bizantinas e sim neogóticas. Provavelmente o motivo são as terminações arredondadas e a inusitada cor branca dos jazigos, que fazem referência às cúpulas do mar Egeu, existentes à época do império Bizantino, nos séculos X e XI.

O contraste do branco com o verde da Chapada e o marrom das pedras dão ao lugar uma beleza incomum.

O cemitério começou a ser construído em 1855 após uma epidemia de cólera que atingiu a região e matou muita gente. A obra, que só foi finalizada em 1886, fica às margens do anel rodoviário que contorna a cidade, em local estrategicamente afastado, justamente para proteger os mananciais e lençóis d’água.

Os túmulos podem ser vistos de longe e imitam fachadas de igrejas que atraem os turistas para passeios por trilhas e caminhos internos para fotos em uma visitação inusitada.

“Aqui estão os nossos ossos aguardando os vossos.”

No apogeu do garimpo nas Lavras Diamantinas, os coronéis esbanjavam riqueza.
A bonança do diamante era tamanha que passou a ser comum em Mucugê os mais abastados se inspirarem em faraós egípcios e desejarem se perpetuar para desfrutar da celebridade nas futuras gerações. Alguns chegaram a contratar arquitetos vindos diretamente da Europa para projetar seus túmulos nos cemitérios.

Em meados do século 19, uma epidemia de cólera assolou Mucugê, matando muitas pessoas. Devido a um decreto, o Brasil imperial não permitiria mais que pessoas fossem enterradas nas igrejas – consideradas lugares com solos sagrados, que garantiriam aos fiéis um lugar no Céu. A partir de então, muitos escolheram outros espaços para erguer seus mausoléus. Túmulos inspirados em templos católicos passaram a ser projetados.

Atualmente, o Cemitério Santa Isabel preserva sua arquitetura original como uma obra de arte das mais importantes. É considerado um dos patrimônios históricos mais imponentes da Chapada Diamantina, tornando-se um destino turístico muito visitado.

Uma curiosidade é a de que a maioria dos túmulos são rasos. O cemitério foi construído em uma montanha rochosa e, por isso, não é possível enterrar ninguém abaixo dos sete palmos.

Um roteiro clássico em Mucugê, para uma estada de três dias, deve incluir também visita ao Parque Municipal Projeto Sempre Viva, de preservação dos campos de flores, recursos naturais e históricos de Mucugê. Alternativa de renda da população após o declínio do garimpo, a sempre-viva entrou em vias de extinção com a coleta indiscriminada. Hoje, é protegida por lei, e o parque, coordenado por um ex-coletor, Euvaldo Ribeiro Jr. Vale a pena também conhecer o Projeto das Flores, com produção de lírios, rosas, palmas, margaridas e crisântemos, a 5 km da sede (Silvia Maria Nascimento).

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