FEIRAS LIVRES
FEIRAS LIVRES
SER POBRE NÃO É OPÇÃO E NÃO DEVE SER UMA CONDENAÇÃO.
Eu sou suspeito para escrever este texto, pois adoro Feiras Livres e Mercados Centrais.
Sou tolerante com os intermediários mas gosto mesmo é dos que produzem, dos que fazem o que vendem e vendem o que fazem.
Gostar de Feira Livre não significa gostar de sujeira, mau cheiro, fedor, lama, zoada, esculhambação, de grosseria e falta de educação.
Nas Feiras, além de cultura, tradição e qualidade, encontramos a alegria autêntica, o bom humor genuíno, a criatividade, generosidade, trabalho e superação de um povo fantástico.
Feira Livre não é pocilga, sanitário público ou manicômio, não deve e não deveria ser, não precisa ser. A mais absoluta desordem não deveria ser a regra geral.
Feira Livre é família atendendo famílias, gente que sabe comprar e vender, gente pobre e gente rica, tem de comer e beber, sorriso gargalhado, ousadia respeitosa e de respeito.
As Feiras são retratos, radiografias e diagnósticos das cidade, do povo e dos seus governantes.
Cabe deixar muito claro: os pobres não deram nenhuma procuração a Seu Ninguém para dizer que eles gostam de sujeira, bagunça, porcaria, esculhambação, molequeira e violência.
Pobre quer conforto, respeito, progresso, ser bem tratado, saúde e paz.
A feira de São Joaquim começou como Feira do Sete, assim chamada porque ficava ao lado do Sétimo Armazém das Docas, lugar de comercializar farinha, cerâmica, frutas, cereais, temperos e artesanatos que vinham do Recôncavo Baiano nos maravilhosos saveiros.
Entre copos e garfos, cachaça e feijão, contam os locais que Joaquim equivale a “Javé prepara ou fortalece”. São Joaquim era marido de Sant’Ana, que era de família descendente do sacerdote Aarão. Ela era ainda jovem quando se casaram, como acontecia com todas as moças em Israel naquele tempo.
São Joaquim era um homem de posses, reconhecido na sociedade e descendente da família do rei Davi. Na Feira, tem de tudo para todas as crenças e todas as religiões de todas as igrejas, só não tem espaço para fanáticos, intolerantes, chatos e radicais.
Não mexa com quem está quieto e respeite o que é de respeito.
Dizem que na Umbanda São Joaquim é o responsável por toda comunicação entre os humanos e os Orixás. É ele quem protege os terreiros e as pessoas de todos os malefícios.
A Feira de São Joaquim já foi conhecido como Água de Meninos, no tempo em que os órfãos da Casa Pia de São Joaquim se banhavam na praia situada no local.
A partir do início do século XIX, Água de Meninos já não tinha meninos tomando banho, e sim, uma feira que cresceu em decorrência da sua localização estratégica, porto e atracadouro, recebendo comerciantes e mercadorias de todo o Recôncavo trazidas pelos Saveiros.
Cresceu até se tornar a maior e mais importante da cidade de Salvador e de toda a região metropolitana.
Todas as feiras livres, tem sido um convite tentador quando as mercadorias expostas de modo organizado, mesmo que nem sempre com a devida separação do que é alimentação e do que não é. Entretanto, a higiene é indispensável do modo mais rigoroso possível. É uma questão de saúde, não de luxo. É o que ponderamos.