EXPEDIÇÃO AO ACONCÁGUA – PARTE II

EXPEDIÇÃO AO ACONCÁGUA – PARTE II

Expedição ao Aconcágua – Parte II é uma exposição do planejamento da nossa viagem e das dificuldades que terão que ser enfrentadas e superadas.

Roteiro da Expedição

Nosso roteiro será, além de tudo, experimental, de testes e aprendizados. Estar na Natureza e com a Natureza é uma opção de vida, uma escolha de existir sempre subordinada ao tempo, no sentido mais amplo da palavra, e às condições climáticas também na sua forma mais abrangente. Três dias e duas noites dentro do Parque Nacional do Aconcágua para quem nasceu e sempre viveu à beira e ao nível do mar é um privilégio de muitas lições. A partir de Mendoza, saindo no dia 08 de fevereiro de 2023, passaremos por Potrerillos, Uspallata, pelo centro de esqui de Los Penitentes, pela Punte Del Inca e pela Laguna Horcones até desfrutar do visual e adentrar os domínios da Alta Montanha de Los Andes.

Nosso plano

Caminharemos até o Campo de Confluência, nos instalaremos, contemplaremos o local, descansaremos, dormiremos, e no dia 09 seguiremos para a Plaza de Francia. Dormir e acordar acampando no meio da Cordilheira dos Andes, aos pés do Monte Aconcágua, por si só já é a realização de um sonho, a execução de um velho projeto. Caminhar por cinco horas, na altitude, até o mirante da Plaza Francia é um desafio que só se descobre capaz de enfrentar, enfrentando. Ir e voltar, no mesmo dia do Campo de Confluência à Plaza Francia é a glória da viagem, o propósito, a superação das expectativas.

A Plaza Francia, a 4.200 metros, será o nosso objetivo final nesse trekking ao Aconcágua. Trata-se de um campo base não convencional localizado na Parede Sul da Montanha, e é onde se diz ser o lugar que permite a melhor visão do Aconcágua.
A Face Sul, a monumental parede é a rota menos recomendada para se escalar até seu cume, sendo o caminho onde já morreram mais alpinistas e montanhistas tentando subir suas íngremes paredes. O trekking até a Plaza Francia faz parte do roteiro para todos que ascendem até a Plaza de Mulas, a 4.300 m, o campo base mais comum do Aconcágua. Percorrer essa trilha faz parte do trabalho de aclimatação através da técnica de “trabalhar no alto e dormir no baixo”, atividade de ir mais alto e voltar para fazer o organismo começar a produzir hemácias para suportar um ambiente com menor quantidade de oxigênio.

Desafios

A facilidade em se chegar ao cume do Monte Aconcágua pela rota normal é muito relativa, pois mesmo sendo verdade que é possível caminhar até o alto sem precisar de conhecimentos mais técnicos de alpinismo e montanhismo, só terá êxito quem concluir com sucesso o necessário processo de aclimatação às grandes altitudes, algo que pode requerer muitos dias por lá e varia de acordo com cada organismo. Muitos não se adaptarão, e quem não souber reconhecer suas limitações pessoais será sempre vulnerável, alguém que naquele ambiente hostil será candidato a entrar no rol estatístico dos mortos que fazem parte das histórias das montanhas. A aclimatação é apenas um dos desafios para se chegar ao pico, algo que só será atingido se as condições oferecidas pela Mãe Natureza forem favoráveis, se o tempo na montanha permitir e as instabilidades constantes e imprevisíveis derem trégua. Em condições excepcionalmente boas há registros de pessoas que alcançaram o cume do Aconcágua calçando apenas tênis, até de cães que conseguiram acompanhando seus donos.  Com clima ruim, que é comum e normal, ninguém, nem mesmo os mais experientes alpinistas conseguem chegar ao cume.

Se tudo sair  como planejado

Dia 10 de fevereiro, sexta-feira, dia do meu aniversário, quando completarei 67 anos, acordarei dentro do Parque Provincial do Aconcágua. Comemorarei andando pelos seus domínios sagrados de retorno para Mendoza, onde as melhores carnes serão companheiras dos melhores vinhos na celebração da vida, das razões pelas quais viver.

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