Expedição 3 Picos – Cordilheira do Espinhaço – XI

Expedição 3 Picos – Cordilheira do Espinhaço – Preservação da Cultura

 

 

Expedição 3 Picos – Cordilheira do Espinhaço – XI

O segredo do sucesso do turismo rural no Brasil é a preservação da cultura, das melhores tradições. É a perpetuação do saber histórico, secular e milenar.

Ando pelo mundo e vejo com tristeza a Bahia retroceder perigosamente na cultura, nas tradições, no saber milenar. Vejo com pesar a juventude render-se ao que de pior a modernidade e a tecnologia trazem.

Salve Minas Gerais, Salve alguns cantões do nordeste véio de meu Deus, do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina que mantêm, sem luta e sem esforço, mas com orgulho e satisfação as suas melhores tradições.

Era tradição na Chapada Diamantina, e quase toda a Bahia, na minha infância e adolescência, após a Santa Missa do sábado de aleluia, a queima do Judas. Toda a comunidade se mobilizava e as expectativas eram tão grandes como os comentários que por dias continuavam.

Na igreja de São Bernardo de Arapiranga, distrito de Rio de Contas, na Chapada Diamantina, o povo assistia e festejava a queima do Judas organizada e realizada pelo saudoso João Cotrim, pai do fantástico artesão Marcos Cotrin, do Ateliê Flor de Cactus.

Em Rio de Contas tinha, como por todo o sertão nordestino, uma Banda de Pífano, cujas gaitas e flautas eram de Taquara e Cera. Era uma coisa linda de se ver, ouvir e apreciar.

O povo esqueceu de independer de um fantasioso e fluído “poder público” e está deixando essas tradições acabarem.

A única coisa que resta na cidade, segundo informações que tenho, é a Filarmônica, fundada em 1923. Sei que a de Mucugê existe.

Não conheço meio melhor de educação, sociabilização e civilização de crianças, jovens e adultos,  que a preservação da cultura regional, das boas tradições artesanais, gastronômicas, musicais, religiosas, culturais, os bons hábitos de leitura, declamação de poesias, recitais, serestas e procissões.

Marcos me contou que João Cotrim também fazia quadros, e que logo após o pai dele falecer, um dos diretores do filme Central do Brasil queria fazer uma tomada em Rio de Contas.

Eles encomendaram três Marias Brancas, mas o artesão que trabalhava com João Cotrim, tomou umas cachaças erradas, foi fazer as peças, acidentou-se, e aí suspenderam a tomada.

Prova do causo é que no final do filme tem agradecimento com o nome de Marcos Cotrin.

O que é bom precisa ser preservado, o que se quebrou precisa ser consertado, o ruim deve ser abandonado, o lixo deve ser reciclado.

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