EU SOU MEU MODELO

EU SOU MEU MODELO

 

Olhei no espelho e não me vi. Não me reconheci.
Não era Eu.
A imagem refletida não era a minha, não, não era.
A descrição que eu fazia, a partir do que via, era falsa, não era verdadeira.
Mas a imagem persistia.
Aquele não era Eu.
No que me transformei, no que me transformaram?
O que fiz e permiti que fizessem de mim?
Foi a cidade?
Foram as minhas escolhas diárias de desconexão e distância do meu Eu?
Foi a personalidade fraca submetida aos agentes de destruição das mentes, de gente?
Não!!!
Não!!!
Aquele não sou Eu.
Essa imagem não é a minha.
Foi isso que me tornei, mas esse não sou Eu.
Vou voltar.
Vou abandonar tudo. Vou ao encontro de mim.
Preciso me ver e me reconhecer, voltar a ser Eu.
A minha identidade não está onde diz o rádio, a propaganda e a revista, a moda e o consumo, onde dizem que todos estão e que tudo está.
Não sou a versão política e religiosa dos donos das opiniões, dos que impõem a direção.
Eu sou muito mais bonito, sou muito melhor.
Eu tenho brilho, semblante, traços e curvas.
Não sou aparências, não sou igual e comum.
Não sou cabeça pra cabresto, não sou gado de curral.
Não sou melhor ou pior, mas só sou quando sou Eu.
Eu sou perfeitamente imperfeito.
Eu original erro no pensar, no falar, Sou sem modos e moldes.
Eu lembro que eu tinha altos e baixos, ficava às vezes alegre, às vezes triste. Eu não era isso. Eu não era assim.
Esse no espelho, tenso, sem cor e sem brilho, triste, medroso e agressivo, hostil e bélico, não sou Eu.
Eu nunca fui massa, nunca fui dirigido, guiado, domado e conduzido.
Eu sempre soube lidar com meus limites, com meus medos, com as minhas paixões, eram meus os meus sentimentos e emoções.
Eu era dono de mim.
Desculpe, vou sair dessa. Esse não é o meu mundo.
Vou viajar, vou empreender a maior e mais importante viagem da minha vida: Vou ao encontro de mim.

Antônio Carlos Aquino de Oliveira

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