ESTAMOS VICIADOS EM “BATE-BOCA”

Estamos viciados em “bate-boca” é um artigo já publicado no “Jornal Ei, Táxi” e no livro “Reflexões de um cidadão do mundo”, lançado pela Editora Adelante, em 2021.

 

ESTAMOS VICIADOS EM “BATE-BOCA”

 

Quero traduzir “bate-boca” como conversa infrutífera, radicalizada, tensa, desprovida de bom senso e inteligência, onde todos falam e ninguém tem razão. Dialogar não é fácil, como também não o é constituir consensos, unificar pontos de vistas, harmonizar diferenças.

Nos últimos anos, nós brasileiros, temos investido alto e forte na construção de uma sociedade dividida, belicista, tensionada, preconceituosa, radicalizada e intolerante. A cultura do ódio e da raiva não deve – ou não devia – prosperar.

As boas regras e os bons costumes estão dando lugar a um “vale-tudo” que tende a nos levar a lugares e situações cada vez piores. Tem sido cada vez mais estarrecedor observar o grau de agressividade que grassa nas redes sociais, alavancada pela absurda onda de mentiras e calúnias modernamente denominadas de “fake news“.

Aqueles que se dedicam a criar, propositada e deliberadamente, calúnias e inverdades sobre pessoas, situações e fatos são mais que covardes, são psicopatas, canalhas, pois seus crimes criam pânico, conflito, desarmonia e caos. Tudo isso ganha contornos de absurdo terror quando estamos diante de uma inacreditável pandemia que coloca em gravíssimo risco as vidas das pessoas, pulveriza economias regionais, nacionais e planetárias.

No Brasil, o “bate-boca” saiu das vilas, cidades e estados e chegou aos mais altos escalões da república, das mesas de bares aos palácios, aos mais importantes postos das mais significativas instituições; perdeu-se o respeito às pessoas, aos cargos, às leis, até à constituição.

A situação está a requerer atenção, cuidados, habilidades excepcionais de pessoas especiais, sérias e competentes, capazes de construir consensos, apresentar caminhos à sociedade, um mínimo de paz no caos, rumo e direção na busca de soluções.

Precisamos como nunca de estadistas, de gente de diálogo, capazes de conversas construtivas e produtivas, que possam ir muito além de infrutíferos e desgastantes “bate-bocas”.

 

Antônio Carlos Aquino de Oliveira

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