Escolhi um Lado: Defender a Vida! – Por Antônio Carlos Aquino de Oliveira

Confesso que a partir do meu regresso de viagem após o carnaval, a ficha do Covid-19 foi caindo bem devagar. A overdose de informações, as contrainformações, a bipolaridade dos meus amigos e colegas, o bate-cabeças de governantes e autoridades daqui e de todo o mundo, as incertezas dos meus amigos médicos ajudaram a lentidão na formação da minha convicção final: manter isolamento físico-social.

Apesar das minhas dúvidas, receios e medos, desde vinte de março que estou em quarentena espontânea sem ter a menor ideia de quando sairei dela. Filtrar as informações e fontes, checar e comprovar as informações é a parte mais irritante de todo esse terrível processo. São odiáveis e desprezíveis os produtores e disseminadores de notícias falsas, canalhas desqualificados que sabem quem é a mãe, mas desconhecem o pai, reles criminosos, covardes e impunes.

Após conversas e mais conversas, consultas, pesquisas, leitura e estudos, já tenho um lado: ficar em casa, isolado ao máximo.

Tenho em mim todas as incertezas do futuro, todas as dúvidas sobre o que virá e como, o que precisa ser feito a mais, mas, de uma coisa estou convencido: devo ficar em casa, manter o juízo, arranjar a paz necessária, ajudar a quem puder e como puder, rezar e orar, pedir proteção e agradecer.

Vivi muito tempo para finalmente saber o que é uma pandemia planetária e dizer com certeza: é uma experiência terrível, traumatizante, amedrontadora, chocante e devastadora. Lembrei da catástrofe da vassoura de bruxa na região do cacau, devastadora praga que se disseminava pelo vento, por esporos produzidos pelas plantas doentes, uma loucura. Os esforços eram inócuos e a dedicação de toda uma região produtiva para evitar o desastre foi em vão. Um trauma que jamais será esquecido por quem tem memória, coração e mente.

Agora essa pandemia, disseminada por contato, vem para tornar caótico o que sempre foi crítico: a estabilidade econômica do Brasil e a sua perversa, cruel e absurda realidade social, sua catastrófica infraestrutura, herança e construção maldita dos piores políticos e pessoas que se pode aglutinar em torno dos poderes constituídos para governar, legislar e fazer justiça. As exceções não alteraram a perversa realidade e cruel verdade. O mundo e seus habitantes estão colhendo o que plantaram, por ação ou omissão, por ignorância ou inocência.

E, desta vez, não temos para onde fugir, apenas nos restou refugiarmo-nos em casa, os que as tem, pessoas que não são privilegiadas por isso, mas, em uma nação com tantas injustiças sociais e imoralidades políticas ter o básico e o mínimo faz parecer privilégio e chega a gerar sentimento de culpa em quem tem consciência e educação.

Urge que sejam adotadas todas as medidas para que não se roube um centavo do dinheiro público nesse estado de guerra, e mais além, que se coloque todo o dinheiro de emendas parlamentares, de fundos partidários de campanhas (dinheiro da sociedade) à disposição da Saúde e da Economia.

Que se ponha na cadeia qualquer um que promova o mais simples gesto de corrupção com esse dinheiro. Não sabemos o que será dos nossos negócios, dos nossos trabalhos, de todos nossos anos de estudos e labutas, mas, para preservar a minha, as nossas vidas e as de todos os nossos irmãos, estou em casa, vou ficar em casa enquanto necessário for.

Aqui e daqui vamos continuar conversando com pessoas sérias, equilibradas, sensatas e normais, vamos buscar saídas, ser empáticos, respeitosos e cuidadosos uns com os outros.

Quanto mais soubermos da verdade dos fatos e da realidade da situação, mais seguros, determinados e disciplinados estaremos. Quanto mais confiarmos, apoiarmos e estimularmos os profissionais, os homens sérios e competentes, os cientistas e pesquisadores, mais próximos estaremos de uma solução.

É preciso repudiar com todas as forças os oportunistas políticos, os fanáticos religiosos e ideológicos, os imbecis partidários que tumultuam, dificultam e entravam os avanços em busca de saídas e respostas para tamanho desastre.

Ficar em casa significa relacionar-se por outras formas e meios, estudar, pensar, ler e escrever, trabalhar. Ficar em casa é manter-se vivo, com esperança de continuar.

Vai passar, depois não seremos os mesmos, e por isso vamos fazer esse mundo melhor, menos perigoso e arriscado.

 

 

 

 

 

Antônio Carlos Aquino de Oliveira

1 thought on “Escolhi um Lado: Defender a Vida! – Por Antônio Carlos Aquino de Oliveira

  1. Fica uma dica importante dada pelo colunista: relacionar-se de outras formas. Cada um tem a própria forma, quem não sabe ainda, fica a oportunidade de descobrir. Excelente texto.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *