DESAFIOS DO VALE DO CAPÃO

CONVERSAS SOBRE OS DESAFIOS DO VALE DO CAPÃO

 

DESAFIOS DO VALE DO CAPÃO

Não são muitas as pessoas com quem podemos conversar sério e sem estresse nos dias atuais. Quando as encontramos, aproveitamos.

O Vale do Capão, na Chapada Diamantina, é um paraíso que frequento há mais de quarenta anos. Dos nativos aos passantes sou observador atento, e nesses contextos, sobre a situação atual do Vale do Capão – Caeté Açu, registrei a seguinte impressão, na minha passagem por lá em junho de 2023:

1. Os nativos já são minoria e muitos foram engolidos ou cooptados pelos “estrangeiros” e seus mais diversos projetos e motivações.

2. A rua principal da Vila já se tornou mais uma passarela de comércio e serviços, como aconteceu em Porto Seguro, Praia do Forte e Arraial D’ajuda.

3. O Parque Nacional da Chapada Diamantina continua sendo uma realidade fantasiosa, uma instituição nos padrões de Brasil.

4. O asfaltamento do acesso continua dividindo opiniões como sempre fez, porém, agora é realidade à vista. O local não tem estrutura de saúde pública ou privada, de segurança, de saneamento, de água, viário, de serviços, de coleta de lixo e outras condições para receber turismo de massa. Como será o futuro a curto prazo? O asfalto é uma necessidade, mas é prioridade? Usina de Reciclagem é solução?

5. No país onde Plano Diretor é peça de biblioteca ou base de negócios, a Comunidade Local tem como aprovar um Plano que seja exequível e fiscalizável?

6. A Vila pertence a um Município “padrão nacional”, onde muitas vezes os poderes constituídos e os poderosos locais são mais inimigos que amigos do povo. O asfalto vai agravar essa deslealdade?

7. A especulação imobiliária chegou com força à região. Passadas as consequências tradicionais dessas fases, o que restará e em que condições?

8. A união da Comunidade, que sempre foi a sua força, será suficiente para enfrentar os “predadores fora da lei” que o “desenvolvimento” leva?

9. A Candidatura do lugar a GeoParque e outras classificações e selos internacionais pode minimizar abuso e absurdos?

O que pude perceber é que há consenso sobre a sanha destruidora dos maus humanos, há esperança e há boa vontade, mas, o que prevalecerá? O que será dos que lá estão envelhecendo e dos que lá estão nascendo?

Os dilemas do Vale do Capão são os mesmos de todos os cantos do Brasil que ainda resistem, não apodreceram, não foram destruídos.

Vale a pena conversar sobre isso sem radicalismo, sem ódio no coração, com espírito cooperativo e com compaixão!

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