COMO NASCE UMA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
“Como nasce uma organização criminosa” é um artigo já publicado no “Jornal Ei, Táxi” e no livro “Reflexões de um cidadão do mundo”, lançado pela Editora Adelante em 2021.
COMO NASCE UMA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
Todos os dias, ao reprimir ou analisar um erro, construímos cultura, fazemos fama.
Está na cultura do povo brasileiro a tolerância com pequenos, médios e, muitas vezes, com grandes erros e delitos. De muitas formas, por falta de valores, a violência foi e tem sido banalizada, o crime tolerado e incorporado, como se naturais e aceitáveis fossem.
Seja no ambiente familiar, nos grupos sociais, nas corporações públicas ou privadas, a contemporização e condescendência com os erros e infrações, mais que desmoralizar, pode seguramente evoluir para a formação de organizações criminosas ou comprometer irreversivelmente os objetivos originais das entidades e instituições.
Esse jeito brasileiro de ser e conduzir os fatos, de negar ou lidar com a realidade, de se relacionar com as coisas negativas ao longo dos anos, desvirtuou o papel e reduziu a importância das associações, sindicatos, federações, confederações, conselhos, ordens, partidos, órgãos públicos de todos os níveis. Isso é gravíssimo, porém, relevado por muitos.
Se os custos e as consequências dos desvios comportamentais nas entidades e organizações são altíssimos, como entender o descomprometimento das pessoas e lideranças com a situação? Por que não há mobilizações pela melhoria dos ambientes existenciais, de negócios e governabilidade no Brasil?
Esses descalabros incivilizados e predatórios acumulados ao longo dos anos nos trouxeram à realidade de hoje, às crises e caos de agora e sempre. Dificilmente construiremos uma nação sustentável e respeitável sem instituições fortes, probas e honradas. Nesse sentido, contemporizar com crimes e desvios dentro das instituições da república, das entidades profissionais e de classes, das corporações e até mesmo de núcleos familiares é abdicar dos predicados básicos que tornam o mundo viável, o ar respirável e os ambientes saudáveis.
Na linguagem popular, é fatal confundir espírito de corpo com espírito de porco, com todo respeito que os suínos merecem.
Urge um mergulho profundo nos verdadeiros sentidos de educação e civilidade, valores e propósitos, ética e dignidade. Estamos atrasados no imenso trabalho de limpar, organizar, profissionalizar, dignificar e modernizar as instituições, afastar todos os riscos delas se tornarem organizações criminosas ou aparelhos a serviço do crime.
Um mundo melhor é possível. Depende de nós. O que cada um de nós pode dar de contribuição por uma sociedade civilizada e respeitosa?
Antônio Carlos Aquino de Oliveira