CHEGOU A HORA DOS BONS REAGIREM
“Chegou a hora dos bons reagirem” é um artigo publicado no “Jornal Ei, Taxi”, em março de 2020, e no livro “Reflexões de um cidadão do mundo”, lançado pela editora Adelante, em 2021.
CHEGOU A HORA DOS BONS REAGIREM
A imagem, a fama e a marca de cada pessoa, empresa ou setor são fundamentais para a sua credibilidade, valorização e respeitabilidade.
Como Colunista deste periódico e defensor do segmento dos taxistas, sinto-me profundamente indignado quando me deparo com um mau profissional ou tenho serviços mal prestados. É inaceitável! Pior é quando os maus profissionais fazem a fama de um lugar, de uma praça. Ai, todos perdem, e muito.
Quando fui à Argentina pela primeira vez fui alertado pela agência de viagem para os maus hábitos dos taxistas portenhos. De fato, mesmo com cuidados, fui vítima de tentativas de roubo no troco e no taxímetro. Isso é péssimo para a categoria, terrível.
Desta vez, foi em Santiago do Chile, o mesmo lamentável fato. Um mau profissional, desonesto e inescrupuloso, aproveitando-se da nossa condição de turistas, desviou nossa atenção e não percebemos que o taxímetro adulterado nos cobrou R$ 400,00 em uma corrida de R$ 40,00. Como tínhamos que fazer a conversão das moedas – real/peso chileno -, só nos demos conta do imoral golpe e roubo quando já havíamos saído do veículo. Não deu tempo de fotografar a placa e preferimos não dar queixa (um erro) pelo pouco tempo que teríamos na cidade. Dos mais de dez táxis que pegamos em Santiago do Chile, um nos roubou e outro tentou, ou seja, a minoria, mas qual foi a impressão que ficou?
Não me lembro de uma época em que tantos de nós reclamássemos tanto de todos como nesse momento crítico da nossa sociedade, de acirradas intolerâncias e radicalismos, sempre transferindo aos outros as responsabilidades pelos acontecimentos em nossas vidas ou abrigando-se no conforto da omissão. É preciso agir e reagir aos maus, estejam onde estiverem, sejam quem forem.
Nossas mães nos diziam e ensinavam: “Quem com porcos se mistura, farelos come”; “Diz-me com que andas que te direi quem és”. Sábias. Alguns de nós aprendemos e quem aprendeu, pratica. Não dá mais para permitirmos que a maldade, os desvios, a falta de profissionalismo e o desrespeito prevaleçam. É preciso reagir e até banir os maus prestadores de serviço dos mercados, pois eles nos puxam para trás, eles nos desmoralizam, eles nos agridem e ofendem, eles comprometem a nossa imagem e o nosso ganha-pão. É preciso enfrentar o corporativismo do mal nas categorias, nas entidades, na institucionalidade e na política. Precisamos ser intolerantes com os erros cujas consequências nos infelicitam, nos prejudicam, sugam nosso suor e trabalho, nos dão prejuízo. É preciso combater os desonestos.
Quero usar o adágio popular acima para abordar, sem subterfúgios, esse assunto extremamente delicado, grave e sério: a desmoralização que as categorias / classes profissionais sofrem com as ações dos maus profissionais do setor. Vale para todos!
Todas as classes têm seus maus, seus razoáveis, seus bons e seus excelentes profissionais, mas todas elas têm a responsabilidade de lutar pela imagem das categorias do seu setor e segmento. Todas as classes merecem respeito, mas respeito tem quem se respeita, que se dá o respeito. O mau prestador de serviço suja a todos que trabalham no mesmo ramo, da mesma forma que os bons elevam o padrão, o nível da categoria. Não se pode e não se deve permitir que os maus profissionais deformem a imagem de um setor, criem a “fama” ruim como se diz por aqui. Não se deve deixar que as entidades sejam dominadas e contaminadas pelos maus líderes, pelos desonestos e pelos que não contribuem para melhor formação, imagem e marca do setor.
Não bastam Códigos de Ética e Conduta, não bastam Conselhos e Assembleias, é preciso ação e reação, é preciso enfrentar os que atentam contra nossa profissão como se ofensa pessoal fosse, e é. Tal postura, se repetida nos condomínios, nos bairros, cidades e estados, mudará o Brasil, pois forma cidadãos atuantes, cria consciência política, ação cidadã.
Nunca ouvi, em lugar nenhum, qualquer coisa que desabonasse a categoria dos Taxistas baianos, e isso me orgulha, razão pela qual faço do artigo deste mês um aviso, um alerta e um agradecimento aos bons profissionais da minha praça.
Quando escrevi, para esse mesmo Jornal, o artigo “Salvem-se, Motociclistas”, lembro-me do comentário do meu amigo e leitor tricolor Zé do Táxi: “Professor, da mesma forma que você chamou os cabras que erram com as motos de motoqueiro, na minha classe os que pisam na bola é taxeiro”. – Educar e combater o mal é missão de todos com todos.
Antônio Carlos Aquino de Oliveira