BAÚ DA MEMÓRIA – III

TIA MARIA

BAÚ DA MEMÓRIA – III

Não lembro desde quando frequento a Pedra Furada e o Restaurante Tia Maria. A sensação que tenho quando chego lá é a mesma que eu tinha quando chegava em casa para almoçar, nos melhores tempos da minha vida:
“O que meu filho quer comer?”
“Como está a sua fome?”
Sente aí que vou preparar seu almoço!

Não sei o que vem primeiro, se é o apetite ou a emoção que o carinho desperta, a sensação de estar em casa, o abraço que passa afeto.

Maria Deílda dos Santos – Tia Maria –  fará 80 anos no dia 26 de setembro de 2023.

Trabalha todos os dias, por prazer e necessidade. Começou aos doze anos, na cidade de Valença, berço da gastronomia de frutos do mar, do dendê, do cravo, do guaraná e das iguarias da Bahia e continua na boca da península urbana da Baía de Todos os Santos.

O Restaurante já tem mais de quarenta anos mas carrega consigo os sessenta e oito anos de experiência de quem lavou roupa, foi empregada doméstica, teve sua própria quitanda até chegar ao restaurante dos dias atuais, tudo para sobreviver com dignidade e respeito.

Duas filhas, um filho, dois netos e um bisneto. Um farol de referência que a todos formou, educou, educa, orienta e forma.

Devota de Santo Antônio, mulher de fé, sem tempo de ter medo, de reclamar.

“Meu filho, tudo que fiz, o que eu tenho e sou, foi força do meu trabalho, da minha decisão de ser livre e independente. Gratidão é coisa de Deus e eu sou grata a ele e aos meus clientes.”

Sua benção, Mãe.
Deus lhe abençoe meu filho.
Maria… Maria pode tudo, ser Mãe, ser Tia!

Antônio Carlos Aquino de Oliveira – Bahia – 10 de julho de 2023.

 

O cenário em frente ao Restaurante Tia Maria.

Bejupirá com camarão

 

1 thought on “BAÚ DA MEMÓRIA – III

  1. Tia Maria, a conheci a muitos anos, quando lá fui com um amigo/irmão, Aquino. O tempo passou, mas a lembrança do carinho, do sorriso daquela mulher linda em sua simplicidade e amor, não passaram. Continua presente na lembrança e no coração. Um dia hei de voltar lá e comer aquela deliciosa comida caseira, comida de “mainha”. Mas, quero lá voltar com esse querido irmão de fé. Sentarmos à beira da calçad e sonhas vendo aquela imagem linda do mar. Mar, de minha mãe Yemanjá. Emocionar-me, mais uma vez, com o seu carinho, e por que não deixar escorrer uma lágrima de contentamento? O coração, naquela hora, é quem vai dizer.

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