AS RESPOSTAS TAMBÉM ESTÃO EM OUTRAS CIÊNCIAS
“As respostas também estão em outras ciências” é um texto publicado no “Jornal Ei, Táxi” e no livro “Reflexões de um cidadão do mundo”, lançado pela Editora Adelante em 2021.
AS RESPOSTAS TAMBÉM ESTÃO EM OUTRAS CIÊNCIAS
A minha formação em Administração e a minha educação doméstica sempre me conduziram ao respeito à ciência, ao conhecimento, ao saber e à experiência, sem jamais perder de vista as mudanças promovidas pela sua evolução humana, o aperfeiçoamento de teorias e métodos.
Com essa compreensão, nunca levei a sério os negacionistas e nunca me senti confortável com extremismos e radicalismos. Negar fatos históricos e realidades para mim sempre foi assunto a ser resolvido por psiquiatras e psicólogos, pela ciência do juízo.
Volto ao título desse artigo, para lembrar que o desenvolvimento e a aplicação da ciência é coisa de gente, de seres humanos, como também a sua negação. Nesse terrível e educativo – espero que seja – momento que atravessa o planeta, reforço meu entendimento da importância das ciências médicas, da saúde, mas quero focar especialmente em minha área de atuação, a Administração.
O desapreço de governos e governantes pelos princípios da Administração é tão catastrófico quanto o demonstrado por muitos pelas questões da saúde, e afirmo, às vezes, até mais grave.
A falta de planejamento, organização e controle, a inexistência de coordenação e gerenciamento que observamos são tão primárias e absurdas que nos leva a indagar que tipo de gente é essa, o que têm nas suas cabeças e onde querem chegar. É impossível dar certo esse país com tamanho desprezo das autoridades pela ciência da Administração, hoje fortalecida pela tecnologia e sistemas informatizados de dados. Um super avanço.
O primitivismo arcaico e ultrapassado na forma de se administrar o país, estados e municípios vai muito além das questões de roubo e corrupção, são responsáveis diretos pela destruição e atraso de nossa gente. Um país rico condenado à pobreza e ao subdesenvolvimento por ineptos e incompetentes dirigentes.
Como se admite que, ainda hoje, orçamentos sejam mal feitos e desrespeitados; que haja descontinuidade administrativa em projetos necessários, justificáveis e iniciados; que licitações sejam fraudadas e dirigidas; que cadastros sejam falhos e incompletos; que gestores e gerentes sejam escolhidos sem critérios de competência, e trocados rotineiramente pelas mesmas razões. Não é possível entender e aceitar que religião, filosofia, política e ideologia sejam a base de decisões que deveriam ser técnicas, científicas, matemáticas e lógicas; como aceitar inexistência de controles confiáveis, de avaliação de desempenhos e resultados eficientes, de transparência total na gestão da coisa pública?
No mundo civilizado e decente, viável, não há prevalência dos setores da ciência e do conhecimento sobre outros, há complementaridade, soma e multiplicação, a necessária multidisciplinaridade de saber para a construção de soluções sustentáveis e duradouras.
O terrível e catastrófico jeito com que o Brasil vem tratando o tema educação, o pouco cuidado e atenção que, ao longo dos anos, vem dando às crianças e aos jovens, explica e justifica o que somos e como estamos. E, se não mudar radicalmente, já, muito pior ficará.
Nós, Administradores de formação e convicção, somos permanentemente violentados pelo desapreço de autoridades e governantes pela ciência e pelo conhecimento. Urge portanto que o mundo científico, técnico, acadêmico, intelectual, inteligente e cidadão tome urgentemente posição diante da situação atual do país e do mundo.
A ignorância e a estupidez não podem prevalecer, ser hegemônica e soberana. É preciso romper esse ciclo vicioso e viciado, esse teatro de horrores.