Nuvem de gafanhotos

As Pragas dos Gafanhotos – Por Antônio Carlos Aquino de Oliveira

Desde que ouvimos as primeiras informações sobre as nuvens de gafanhotos que se aproximavam do sul do Brasil tenho conversado com amigos agricultores e técnicos da área sobre a sugestão de reunir os países ameaçados – Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai – para uma ação conjunta articulada, unindo esforços para combater a praga onde ela estiver.

Evidente que nossa opinião não prosperou mas suscitou inúmeros comentários e esses me deram a ideia central deste artigo. Não sou a pessoa mais indicada para avaliar as grandes pragas da história da humanidade através do olhar e viés religioso, bíblico, entretanto como eterno agricultor e apaixonado pela natureza sinto-me confortável para opinar.

As mais diversas pragas que assustam e ameaçam quem cria e planta no mundo sempre foram e sempre serão motivo de estudos, pesquisas, investimentos e trabalho no seu combate e enfrentamento.

Algumas são devastadoras como a vassoura de bruxa na região do cacau na Bahia. Uma catástrofe jamais dimensionada, um trauma ainda não superado e com efeitos também imprevisíveis naquele pedaço do estado ainda sem rumo, direção, ou sinais de recuperação. A turma se vira como pode.

Duas coisas mais fazem sentido comparar nesse caso simbólico e emblemático das nuvens de gafanhotos: o da pandemia e o da política.

Estima-se que uma lavoura atacada por gafanhotos animais, voadores e devoradores de plantas demore até três anos para se recuperar. Quantos anos a sociedade e a economia brasileira levarão para superar as consequências dos graves erros, falhas, desvios, desencontros, descoordenação e má gestão de alguns governantes e autoridades diante da Pandemia da Covid-19, que eles tinham e têm a responsabilidade de cuidar, gerenciar e controlar.

Esse mesmo país é vítima, desde a sua descoberta, de uma praga incontrolável chamada “maus políticos, governantes e autoridades”. Passados tantos anos, os “gafanhotos da política” continuam devastando o patrimônio da nação, suas riquezas, sonhos e possibilidades de crescimento e desenvolvimento. O mau político é a maior e pior de todas as pragas, tendo na sua composição genética a mais cruel das realidades: são escolhidos por aqueles a quem irão trair, roubar e maltratar. Se por um lado, os maus políticos e maus funcionários públicos são pragas piores que as de gafanhotos, são os bons administradores e funcionários públicos os responsáveis pelo que há de bom nas cidades e nos campos nesse setor, no país e no mundo.

Que as lavouras – agricultores e cidadãos – livrem-se de suas pragas e as controlem, mas que também haja muito apreço e cuidado com os melhores insumos, os melhores fertilizantes, os melhores semeadores e com os que respeitam a natureza.

Antônio Carlos Aquino de Oliveira

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