As Fraturas estão sendo Expostas – Por Antônio Carlos Aquino de Oliveira
Nessa terrível fase dos humanos sobre o planeta terra, as águas dos rios estão baixando e nos seus leitos naturais estão aparecendo suas realidades até então submersas, suas áreas de lama, seu lixo acumulado, mas também aparecem as belas praias, áreas de pedra, lajedo e areia. Assim tem sido com o mundo, as repúblicas e ditaduras, nos governos, nas empresas de todos os tamanhos, nas famílias e nas relações, nas almas e corações de cada pessoa. As virtudes e defeitos, mais que expostas, estão em testes. Mentiras e verdades estão sendo servidas à mesa com doces e amargos, mel e fel.
Quero focar nas questões político-governamentais, nas questões das administrações públicas para manter o mote do artigo, especialmente no Brasil.
Todos nós, administradores e economistas, contadores e auditores, técnicos e profissionais da área, sabíamos, negávamos ou relevávamos, convivíamos com uma bomba de efeito retardado que são as terríveis mazelas acumuladas e agravadas nos últimos anos com a péssima qualidade média das administrações públicas municipais, estaduais e federal.
Nos últimos anos a situação vem se agravando com o radicalismo e a bipolaridade política e isso teve e tem repercussão direta e indireta na qualidade dos serviços públicos até explodir no caos que agora vivemos e assistimos.
Todos sabíamos, mas não tínhamos noção do tamanho da nossa dependência externa de produtos básicos, das fragilidades dos nossos parques industriais. A Lava Jato focou na corrupção nos setores de infraestrutura mas nunca tocou no buraco da corrupção no setor de saúde, da educação e pesquisa. Ele é monstruoso e assustador.
Estamos tão preocupados em viver e sobreviver que não temos tido tempo de sentir vergonha ou raiva de tantos desmandos perpetrados com nosso dinheiro por políticos, governantes e funcionários públicos, sob nosso silêncio, complacência e omissão.
Mas, tem sido a constatação da inexistência de uma Federação, de fato e verdade, um dos maiores problemas do momento. O bate-cabeça de autoridades e lideranças, os erros e acertos repercutem diretamente na sociedade, no seu comportamento e atitude.
Deixemos de fora desse debate os insuportáveis radicais, fanáticos militantes políticos partidários em tempo integral, eles nos agridem e ofendem o tempo todo, expõem toda a sua inanição intelectual e pobreza espiritual e humana, não merecem comentários.
Foquemos na vergonhosa e estúpida incapacidade dos nossos governantes de cumprirem seus deveres constitucionais e institucionais relevando suas diferenças, ambições pessoais e suas disputas políticas em nome de um povo que está sofrendo como nunca.
A falta de planejamento, unidade de direção, comando e estratégias de ações revela a mais perversa e cruel face dos nossos governantes e da nossa estrutura de poder, dos sistemas políticos, eleitorais e de governos. Medidas são anunciadas mas não acontecem, promessas não são cumpridas, coisas são ditas e negadas com frequência inaceitável e isso provoca instabilidade e desconfiança.
A ganância, dumping e cartéis não são combatidos, não há clareza e transparência na aplicação de tantos recursos disponibilizados nessa situação excepcional de calamidade e emergência.
Mas não vamos desanimar. A verdade liberta, salva e tudo que sonhamos e queremos é que cada um, no fundo da sua alma e na sua mais profunda essência, tenha tempo de pensar e cobrar, mudar de fato e verdade o lado ruim, remover o lixo e a lama do leito original do rio.
Temos que acreditar no melhor que cada um tem, nas suas generosidades, compaixão e empatias, na tradicional e reconhecida solidariedade dos brasileiros e sermos recíprocos.
Antônio Carlos Aquino de Oliveira
Faltou incluir os Empresários, os maiores beneficiários da corrupção, quer corrompendo funcionários quer corrompendo políticos.
Também podia acrescentar entre os setores negligenciados pela Lava Jato, o setor financeiro, que apesar de fortemente envolvido com a corrupção, foi protegido pela força tarefa , como denunciou o site Intercept ao revelar as gravações entre o então juiz Sérgio Moro e os procuradores.
Excelente artigo do Professor A. Carlos Aquino.
Referente ao comentário acima, a generalização com o termo “empresário “ foi muito grande,
Se tivesse referido aos grandes grupos empresariais (alguns) tudo bem.
Porque se existe uma classe sofredora, é de empresários, principalmente os pequenos.