AS FRATURAS ESTÃO SENDO EXPOSTAS

AS FRATURAS ESTÃO SENDO EXPOSTAS é um artigo publicado no “Jornal Ei, Táxi” e no livro “Reflexões de um cidadão do mundo”, lançado pela Editora Adelante, em 2021.

Nessa terrível fase dos humanos sobre o planeta terra, as águas dos rios estão baixando e nos seus leitos naturais estão aparecendo suas realidades até então submersas, suas áreas de lama, seu lixo acumulado, mas também aparecem as belas praias, áreas de pedra, lajedo e areia. Assim tem sido com o mundo, as repúblicas e ditaduras, nos governos, nas empresas de todos os tamanhos, nas famílias e nas relações, nas almas e corações de cada pessoa. As virtudes e defeitos, mais que expostas, estão em testes. Mentiras e verdades estão sendo servidas à mesa com doces e amargos, mel e fel.

Quero focar nas questões político-governamentais, nas questões das administrações públicas para manter o mote do artigo, especialmente no Brasil.

Todos nós, administradores e economistas, contadores e auditores, técnicos e profissionais da área, sabíamos, negávamos ou relevávamos, convivíamos com uma bomba de efeito retardado que são as terríveis mazelas acumuladas e agravadas nos últimos anos com a péssima qualidade média das administrações públicas municipais, estaduais e federal.

Nos últimos anos a situação vem se agravando com o radicalismo e a bipolaridade política e isso teve e tem repercussão direta e indireta na qualidade dos serviços públicos, até explodir no caos que agora vivemos e assistimos.

Todos sabíamos, mas não tínhamos noção do tamanho da nossa dependência externa de produtos básicos, das fragilidades dos nossos parques industriais. A Lava Jato focou na corrupção nos setores de infraestrutura mas nunca tocou no buraco da corrupção no setor de saúde, da educação e pesquisa. Ele é monstruoso e assustador.

Estamos tão preocupados em viver e sobreviver que não temos tido tempo de sentir vergonha ou raiva de tantos desmandos perpetrados com nosso dinheiro por políticos, governantes e funcionários públicos, sob nosso silêncio, complacência e omissão.

Mas, tem sido a constatação da inexistência de uma Federação, de fato e verdade, um dos maiores problemas do momento. O bate-cabeça de autoridades e lideranças, os erros e acertos repercutem diretamente na sociedade, no seu comportamento e atitude.

Deixemos de fora desse debate os insuportáveis radicais, fanáticos militantes políticos partidários em tempo integral, eles nos agridem e ofendem o tempo todo, expõem toda a sua inanição intelectual e pobreza espiritual e humana, não merecem comentários.

Foquemos na vergonhosa e estúpida incapacidade dos nossos governantes de cumprirem seus deveres constitucionais e institucionais relevando suas diferenças, ambições pessoais e suas disputas políticas em nome de um povo que está sofrendo como nunca.

A falta de planejamento, unidade de direção, comando e estratégias de ações revela a mais perversa e cruel face dos nossos governantes e da nossa estrutura de poder, dos sistemas políticos, eleitorais e de governos. Medidas são anunciadas mas não acontecem, promessas não são cumpridas, coisas são ditas e negadas com frequência inaceitável e isso provoca instabilidade e desconfiança.

A ganância, dumping e cartéis não são combatidos, não há clareza e transparência na aplicação de tantos recursos disponibilizados nessa situação excepcional de calamidade e emergência.

Mas não vamos desanimar. A verdade liberta, salva e tudo que sonhamos e queremos é que cada um, no fundo da sua alma e na sua mais profunda essência, tenha tempo de pensar e cobrar, mudar de fato e verdade o lado ruim, remover o lixo e a lama do leito original do rio.

Temos que acreditar no melhor que cada um tem, na sua generosidade, compaixão e empatia, na tradicional e reconhecida solidariedade dos brasileiros, e sermos recíprocos.

Antônio Carlos Aquino de Oliveira

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *