AQUINO NO CAMINHO DE SANTIAGO DE COMPOSTELA

Por que vou fazer o Caminho Português: Porto a Santiago de Compostela em 2022

Completei 66 anos em fevereiro de 2022. Sempre que posso, faço avaliações dos ciclos que se encerram e dos que começam em minha vida. Para fazer isso preciso ficar só um tempo, longe de tudo, desligar-me dos tumultos das informações, das várias formas de poluição. No dia a dia, o caminhar nas cidades faz bem ao corpo, mas não permite esse encontro. Percorrer o Caminho de Santiago de Compostela, saindo da cidade do Porto é mais oportunidade que estou me dando de conversar comigo. Vejo Deus na Natureza, e ficar com ele mais tempo e sem distrações deve me ajudar a clarear os horizontes.

Não sou religioso praticante, mas sou homem de fé, acredito em Deus, respeito as energias do bem. Pretendo estar comigo para conversar comigo, fazer perguntas e buscar respostas. Vou caminhar 280 km em dez dias. Espero que seja tempo suficiente para esse papo.  Não tenho penitências a cumprir, pecados a pagar, dores a purgar. Quero juntar mais uma vez o químico, o energético, o físico e o espiritual que existe em mim em momentos de reflexões, sem cobranças e exigências. Já fiz isso em outras oportunidades, sempre nas estradas e na natureza, mas, desta vez, espero estar mais só, e comigo.

Adoro Portugal. Conheço muita coisa lá. O caminho que escolhi fazer é o mais curto e o que me parece mais adequado para o conjunto das minhas condições e propósitos. Comecei a fazer e executar esse plano em 2021. A segunda etapa, a da realização, vai de 13 a 23 de maio de 2022, mas depois a viagem continua com as avaliações. Sou um homem comum, normal, com todas as inquietudes, insatisfações, satisfações e desejos, mas busco sempre mudar para melhor, me sentir melhor, mais leve e desapegado de tudo que me cria ansiedades, angústias e expectativas. O Caminho de Santiago é apenas um trecho do Caminho Maior.

Meu sentimento maior é de gratidão, mas o que me move é buscar razões de viver e existir além do que vivo e faço: trabalho – casa – trabalho, cotidiano de política / social / empresarial. Tenho sido um militante frenético de causas que acredito serem justas, necessárias e importantes. Escrevo artigos e textos, faço comentários e dou opiniões, mas sinto muitas vezes que tudo isso tem sido muito estéril e sem sentido. Se a ninguém consigo sensibilizar e nada consigo mudar, então é chegada a hora de tentar mudar a mim mesmo. Quero ser útil à humanidade sendo bom para mim, mas ainda não sei como fazer isso. Sigo caminhando e pensando…

Não vou fazer o Caminho de Santiago para pedir alguma coisa, mas para agradecer quem sou, o que fiz, o que passei. Sinto cada vez mais, a partir do que vivi e vejo acontecendo no mundo, com as pessoas ao meu redor, um sentimento leve de gratidão. Deus tem sido generoso comigo. Assim, o que pretendo no Caminho de Santiago é mais orientação para o tempo que terei, se o tiver. Pelos tempos que vivi e os momentos que passei, só gratidão.

A pergunta é uma só:  Com o pouco que sei, que fiz, que tenho, o que vem agora? O que fazer doravante na direção da simplificação, da leveza, da alegria, da saúde, da paz, da harmonia comigo e em todas as minhas relações? Enquanto vivo estiver, eu quero dar sentido à minha vida. Fazer o caminho de Santiago de Compostela é parte disso. Não há e não haverá um antes e um depois, há um caminho que começou em 10 de fevereiro de 1956, e não sei quando acaba. Vou aproveitar!