ACABOU O GLAMOUR NO BRASIL

ACABOU O GLAMOUR NO BRASIL. O GLAMOUR ESTÁ EM EXTINÇÃO?

Antônio Carlos Aquino de Oliveira  – Administrador e empresário

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Não sei de onde veio a vontade de escrever sobre um assunto do qual não entendo nada: Glamour, etiqueta social, coisa chique. Acho que foram as observações, que abaixo descrevo, sem nenhum compromisso de análise sociológica, econômica ou de tendências:

  1. Há anos não vejo ou ouço falar de festas de homens e mulheres elegantes no vestir e no portar-se. Os grandes bailes, jantares e festas, quando acontecem, mais parecem tribunais de inquisição e julgamento que encontros sociais. Todo mundo fala de todo mundo, julgam e criticam, naturalmente por trás e com aquele ar de deboche que só a falta de caráter e a inveja explicam.
  2. As trapalhadas, gafes e baixarias das monarquias, das elites, dos milionários e bilionários, dos governantes, especialmente dos novos ricos sem berço e sem noção, associadas às mortes das referências nesse quesito, contribuem muito para o fim do Glamour.

Brega não é chique, grosseria não é engraçado, feio não é bonito e ruim não é bom.

Cada um com a sua pessoal e individual opinião, livre e democrática.

  1. O fim do bom gosto dos estilos, a ditadura das modas dos sem modos, o mau gosto explícito e exposto, a militância das causas sem conteúdo, o poder adquirido pelos ignorantes, também contribuem para o fim do Glamour.
  2. A falta de espaço, até climático e ambiental, para os elegantes e a elegância, o fim do poder aquisitivo como barreira de mobilidade social horizontal, a parte nociva da tecnologia, a insignificância a que estão submetidos a inteligência e o conhecimento contribuem para o fim do Glamour.
  3. Muitas amigas e amigos meus, referências em elegância no portar-se e no vestir-se, estão abandonando os princípios. Estão minimalistas, básicos, mas, preservam o essencial. Uma amiga me disse que está dando os seus “longos” a clubes de senhoras de terceira idade que frequentam aulas de dança e ainda vão a bailes, matinês e saraus, também às suas funcionárias e às filhas delas para as festas sociais onde ainda cabe o uso dessas obras de arte mesmo que por uma única vez. Meus amigos estão doando seus ternos, gravatas, blazers, sapatos e roupas “sociais” aos porteiros dos seus prédios, motoristas, advogados e garçons amigos, tios do interior que ainda frequentam clubes sociais, de serviço e maçonaria. Até os vendedores de ilusões e manipuladores da fé alheia nas periferias tem recebido essas peças de brechó.

Enfim, adoro minhas amigas e amigos elegantes, charmosos e gentis. São minhas referências, embora já não usem mais Black Tie, Smoking ou aqueles longos de tirar o fôlego. O jeito de andar, de sentar, de se portar e agir, chique no lindo, surpreendente no elementar.  O timbre da voz, o jeito de chegar e sair, o saber ouvir e falar na hora certa. O elegante não ofende nem magoa, educa.

Sou fã de liturgias, das regras, da elegância, gentileza, beleza, das mulheres femininas no mais amplo e perfeito sentido da palavra.

Quem viveu o tempo do Glamour, dos poetas e músicos, da música clássica e dos teatros, dos recitais e bailes, das procissões e festas, das missas e quermesses, dos chás das tardes e encontros literários, dos grupos de estudos e pesquisas, dos alfaiates e costureiras, das gentilezas e mensuras, tem referências de uma época em que o bonito não se mutilava para ficar feio, o feio se esforçava para ficar mais bonito e simpático, o chato se preocupava em ser mais agradável e até pedia desculpas, os analfabetos queriam aprender e não se orgulhavam das suas deficiências de conhecimento. Há algo estranho no comportamento dos feios que se esforçam para ficar horríveis, medonhos e assustadores, nos ignorantes que estão orgulhosos, nos estúpidos que chegaram ao poder dando aulas de baixaria trabalhando para tornar a burrice, o superficial, o vazio e alienado em moda.

Acho que o Glamour deve estar mesmo acabando, pois não está fácil de ser encontrado e visto.

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