A VERDADEIRA RIQUEZA HUMANA

“A verdadeira riqueza humana” é um artigo publicado no “Jornal Ei, Táxi”, em novembro de 2019, e no livro “Reflexões de um Cidadão do Mundo”, lançado pela Editora Adelante em 2021.

Peço licença a meus leitores para, neste artigo, fazer uma abordagem mais pessoal, menos técnica, mais humana.

 

Minha mãe sempre nos dizia que nossa maior riqueza estava no conhecimento, no saber, na formação e no caráter, para ela, único patrimônio indestrutível, imune às crises. A todos, ela afirmava que diploma com conhecimento e mérito era a maior herança que uma mãe e um pai podiam legar a um filho.

Quando minhas duas filhas concluíram o nível superior, senti fisicamente o significado das suas palavras. Senti no corpo e na alma uma imensa sensação de leveza, de paz, de dever cumprido, uma alegria indescritível, que somente as mais nobres metas alcançadas permitem sentir.

Três fatos ocorridos no final deste maravilhoso outubro de 2019 me deram a definitiva dimensão do que é a verdadeira riqueza, o maior dos patrimônios humanos depois da saúde e da paz: o conhecimento!

No dia 30, tive o privilégio de ir ao lançamento do livro que conta uma pequena parte da história de vida da minha amiga – outro patrimônio imensurável – Amabília Almeida, a quem chamo também de mãe. Aula magna de história de vida, trabalho, conhecimento, cultura e saber. Desfrutar da amizade, da generosidade, do conhecimento acumulado e da experiência de uma pessoa como a educadora Amabília Almeida – seu melhor resumo – é um patrimônio que não tem preço.

No dia 31, foi a vez de estar presente na defesa da tese de Mestrado em Arquitetura e Urbanismo de Luana Figueiredo de Carvalho Oliveira, minha filha, na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia. Despindo-me da condição de pai, foco na qualidade do trabalho, das avaliações da banca examinadora, no comprometimento e profissionalismo dos Mestres julgadores, nas exposições de motivos e teses, para perceber e registrar, de forma inequívoca e inconteste, a imensa riqueza que esse país teve, tem e da qual sempre poderá dispor: as maiores e melhores inteligências, dos seus pesquisadores e cientistas, das suas estruturas de ensino público, conhecimento e saber.

Estudar não é para qualquer um, mas é para todos que tenham determinação e disciplina, coragem e vontade. Aprender não dói, não machuca, liberta e abre horizontes. Com respeito aos que entendem que riqueza é “Ter”, quero homenagear aos milionários que “São” — são estudiosos, conhecem, entendem e explicam, fazem porque sabem, ensinam porque aprenderam, mudam porque são agentes de transformação. Quero render minhas reverências aos que buscam no conhecimento, no aprendizado e experimentação a transformação de si mesmos e do mundo.

Para concluir a semana de graça e alegria, reencontrei, em um dos mais iluminados momentos de minha vida, exatamente na condição de professor – avaliador da banca examinadora da tese de Mestrado da minha filha, um amigo que não via há 38 anos, um colega de início das nossas carreiras profissionais, hoje PhD e Professor Sênior da Universidade de Brasília, Rafael Sanzio. Rafael tem em si a fortuna que só o conhecimento dá, transborda isso e compartilha como generosa missão.

Na hora em que a palavra foi franqueada ao público, tentei dizer da minha imensa satisfação de ver que a Universidade Federal da Bahia está viva, ativa e produzindo conhecimento; tentei falar do renascimento das minhas esperanças na educação e saber como solução e saída para essa nação tão sofrida e ainda tão ignorante; tentei dar meu testemunho do esforço, determinação e empenho da Mestre Arquiteta Luana Oliveira para concluir sua tese, aprovada com louvor, mas, traído pela emoção, envolvido por soluços e lágrimas, apenas registrei o que para mim é a verdadeira riqueza humana, o conhecimento, o saber, a educação, a civilidade e o amor ao que se é e ao que se faz.

 

Antônio Carlos Aquino de Oliveira
Administrador, Consultor, Palestrante e Empresário do setor de publicidade

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