OS DONOS DA VERDADE
“Os donos da verdade” é um artigo publicado no “Jornal Ei, Táxi” e no livro “Reflexões de um cidadão do mundo”, lançado pela Editora Adelante em 2021.
OS DONOS DA VERDADE
Nunca se falou tanto em liberdade, democracia e estado de direito como no atual momento, entretanto, não me lembro de ter visto tanta intolerância, autoritarismo, radicalismo, fanatismo, arrogância, prepotência, desvirtuação de fatos e realidade como nesses tempos atuais de redes sociais e ambientes de convivência digital.
Fascistas, nazistas, racistas, fanáticos religiosos e ideológicos estão livremente a se manifestar, nus ou travestidos, com seus discursos demagógicos ou populistas, todos caracterizados pelo viés autoritário, intolerante, discriminador e desagregador.
Observamos esse comportamento deturpado também nos núcleos familiares, nos grupos de amigos, nos ambientes sociais, empresariais, econômicos e profissionais. Os donos da verdade não admitem contraditórios, contestação, julgam e condenam, maculam e agridem sem limites e pudor. Todos que não pensam igual ou concordam são rotulados, acusados de ser oposição, de ter um lado.
Os diálogos estão se tornando monólogos, audiência silenciosa onde apenas um fala e os demais estão obrigados a ouvir sem contestar. Os cenários são de seitas fanatizadas onde não há liberdade de opinião, apenas concordâncias, compartilhamentos de ideias e discursos dos chefes, apelidados de líderes, influenciadores.
A intolerância se manifesta em forma de censura, repreensão, patrulhamento ideológico, político e comportamental punido com perseguições, calúnias e difamações. Dizer livremente o que se pensa, em desacordo com os donos da verdade e do poder, pode ser considerado ofensa, agressão, razão para rompimento de relações. As mais simples e modestas discordâncias não são toleradas, e o livre pensar torna-se um direito cerceado, tolhido e ameaçado.
Impor à sociedade o entendimento de que agressão, ofensa, ameaça, mentira e calúnia equivalem a liberdade de expressão é impor uma ideia falsa, antidemocrática de civilização e comportamento.
A história da humanidade é marcada pelas lutas por liberdade, uma conquista inegociável.
Não há sabedoria, humanidade e educação em ambientes e sociedades onde irmãos brigam com irmãos por diferenças de opiniões, amizades acabam onde negócios são desfeitos por desrespeito às necessárias diferenças e saudáveis divergências.
A busca, a qualquer custo e jeito, de construção de hegemonias políticas, ideológicas e filosóficas por métodos autoritários é uma forma explícita de tentativa de dominação ditatorial e totalitária que precisa ser enfrentada.
Antônio Carlos Aquino de Oliveira
Acho um momento histórico ímpar, de cartas na mesa.
O Brasil tem um passivo histórico velado de diversos aspectos, já que aqui não teve ditadura, e também não teve escravidão, nem catequização e genocídio dos povos originários.
Os ecos do passado ressoam e um país que não assume a sua dívida histórica – tende a reproduzi-la.
Ao meu ver por mais doloroso e insano que seja – não há mais máscaras – e assim – podemos escolher um outro caminho melhor que uma democracia de fachada “pra gringo ver”.