Expedição 3 Picos – Cordilheira do Espinhaço – V
Expedição 3 Picos – Cordilheira do Espinhaço – V
Expedição 3 Picos – Cordilheira do Espinhaço – V
As incursões na Chapada Diamantina, ao interior da Serra do Espinhaço, nunca são algo trivial, em especial para quem vive na cidade, sempre observando as condições físicas dos visitantes.
Uma trilha de oito quilômetros, subindo e descendo serras, atravessando vales, percorrendo leitos de rios, sempre é um desafio que exige esforços e traz riscos reais.
Saímos de Mato Grosso – A Vila dos Portugueses – de Rio de Contas as 10:00, após percorrer 24 km de carro em estrada de chão.
Ao fundo o Pico de Itobira à esquerda e o do Barbado à direita, dois dos objetivos desta expedição.
Meus companheiros nessa Expedição são Miguel Ângelo – velho e experiente parceiro – José Camargo – marinheiro de primeira viagem nesse tipo de Turismo e Lé, nosso amigo e experiente Guia.
Logo na saída encomendamos nosso almoço – galinha de quintal e traíra frita – no Restaurante do Alto da Serra, do simpático Nem. Nossa previsão era retornar às 15:00, mas só chegamos às 18:00.
Primeiro fomos a Cachoeira dos Cristais, onde tomamos um longo e revigorando banho, nas terapêuticas águas frias da Chapada.
Um banho de Cachoeira durante a trilha é uma sensação indescritível de troca de pele, de limpeza de alma e transmutação de energia.
Da Cachoeira dos Cristais à Cachoeira da Lavra Velha fomos pelo leito do Rio. São as trilhas mais exigentes, penosas e perigosas das Chapadas e regiões naturais e de serras.
Já as fiz com exigências de atravessar grandes poços ou cursos de Rio, nadando, atravessar grutas sob leitos de Rio.
Dois fatos atrasaram nosso ritmo e aproveitamento nesse projeto: As roupas e o calçado inadequado de Camargo e a minha bota Quechua ter resolvido encerrar a sua trajetória exatamente no meio da trilha.
Caminhei o restante do trajeto, com todos os tipos de pisos que a serras das Chapadas tem, sem o soldado da bota do meu pé direito.
A inusitada situação me obrigou a mudar a forma de caminhar, de usar o bastão e atenção onde pisar.
As quedas de Camargo pelo calçado errado também se juntou a odisseia
Em função do ritmo da caminhada e das condições de caminhar minha e de Camargo, passamos pela Cachoeira e Poço da Lavra Velha sem tempo para o banho e o nado.
Fizemos várias paradas de repouso mas com a determinação de não caminhar a noite, objetivos alcançado com muito esforço de todo o grupo.
As 18:00 já estávamos “almojantando” uma excelente galinha de quintal e entre cervejas e cachaça, com direito ao maravilhoso café que Nem planta, colhe, torra e serve.
Não tem efeito de comparação caminhadas, maratonas, meias maratonas, escalada, mergulho autônomo ou trekking. Em comum tudo exige determinação, força de vontade, coragem, disciplina e a certeza que não se pode desistir no meio. Prosseguir é a alternativa.
Quando nos propomos a fazer Expedição em grupo, somos todos por um e um por todos onde cada um é por si e tem que fazer a sua parte, dar o melhor de si diante dos desafios que mudam a cada pedra ultrapassada. Não tem glamour, charme, vaidade, redes sociais e nem mesmo celular para quem se dispõe a esses desafios. Adrenalina, endorfina, medo e coragem. Entrou vai e tem que sair, voltar.
Nos meus grupos, de diferentes pessoas, solidariedade e respeito mútuo são marcas fortes. Não tem dengo e carinho, tem lealdade, sinceridade e honestidade. Todo mundo fala e ouve. Trocam-se conselhos e experiências. Há desabafos. O ritmo não é o do mais preparado ou do menos ágil, é o que o grupo constrói na labuta das trilhas.
Cachoeira da Lavra Velha, dois estágios de queda. Todas as vezes que entro “na Natureza”, peço permissão e proteção. Nesse trekking, escureceu, ameaçou chuva, trovejou, relampejou, mas a chuva não caiu como parecia. Assim, nos ameaçando, nos protegeu, pois com o sol o desgaste seria bem maior.
Para que aconteça um redemoinho é necessário que exista um “sumidouro”, um lugar que absorva a água, como um ralo de banheira, onde a água é sugada para seu interior.
Após sete horas de caminhada, o sol começando a se por, esforço final para chegar, encontro esse balé e essa orquestra. Tudo fica mágico, encantado.
Nos ensinaram que os líquens que encontramos pelas pedras em meio a natureza são marcas de ar puro, livres de poluição. Acreditamos e celebramos as possibilidades e privilégios de ir a esses lugares e encontrarmos esses seres vivos.
Um líquen ou fungo liquenizado é um organismo composto que surge de algas ou cianobactérias que vivem entre filamentos de várias espécies de fungos em uma relação de mutualismo. Os líquenes têm propriedades diferentes daquelas de seus organismos componentes. Eles vêm em muitas cores, tamanhos e formas e às vezes são semelhantes a plantas, apesar de não serem. Podem ter ramos minúsculos e sem folhas; estruturas semelhantes a folhas planas; crescer como uma crosta, aderindo firmemente a uma superfície como uma espessa camada de tinta – crostoso; têm uma aparência semelhante a pó; ou outras formas de crescimento.
As aparências das formações rochosas, as posições em que estão, seus formatos e tamanhos são para mim atrações à parte nas trilhas que faço.
O Brasil é cheio dessas maravilhas naturais forjadas pelo vento, pelas chuvas e quedas d’água, onde já foi fundo de mar ou leito de rio que em mim despertam encantamento, atenção e curiosidade .
Em função das queimadas sistemáticas e continuadas na Chapada Diamantina, andamos por horas sem ver pássaros ou bichos em certas regiões. O Vale do Patí é uma exceção.
Entretanto, a vegetação predominante da Chapada é conhecida como campo rupestre que, em geral, são mais rasteiras. Na região se fala que existem mais de cem tipos de orquídeas, bromélias, cactos, begônias, sempre-vivas entre outras maravilhas.
Nas cidades, o clima e a qualidade da terra permitem fantásticas plantações.
Ao ler a belíssima descrição dessa Jornada, consigo sentir- me participante, “sentir o ar fresco, ” deliciar os olhos da alma através do olhar do fotógrafo. Quanto ensinanento e quanto aprendizado a cada trecho vencido!!!! Penso que ess é a forma mais,eficaz e” pedagógica de educação ambiental “. Interagir com Mãe Natureza é mergulhar em nossa ancestralidade e ali encontrar no eu essencial.