REVIRANDO O BAÚ DA MEMÓRIA

REVIRANDO O BAÚ DA MEMÓRIA MUITA COISA GUARDADA APARECE.

A casa sede da Fazenda Boa Esperança, na cidade de Itajuípe, na Bahia, de Thomaz de Aquino dos Santos, meu avô materno. Ao lado a Capela de Nossa Senhora da Conceição.

Creio que essa fazenda foi nossa por mais de 100 anos. Vendida em 1985.

Na Capela, além das Missas e Novenas fazíamos palestras, reuniões.

Lembro que nesse encontro levei um médico para ensinar cuidados básicos de higiene e cuidados com o corpo. Uso de E.P.I.

As fazendas de cacau exigem estruturas físicas completas, como casas de trabalhadores, casa de fermentação, casa de tropa, depósito de materiais, armazém de produtos acabado – cacau seco – barcaças de secar cacau, secador de cacau para os períodos de chuva.

Armazém, casa do barcaceiro, casa do tropeiro, curral, pastos, chácara e roças de Cacau. Anos labutando. Na safra, colher, fermentar, secar, ensacar, vender, pagar. Na entressafra, manutenção, limpeza, conservação. No campo na há espaço para lamentações, reclamações, carência afetiva ou social. Vida em regime intensivo.

Casa do Administrador, Gerente…

Dos 8 aos 35 anos ajudei a administrar e administrei fazenda de Cacau. Cheguei a ter uma empresa no ramo chamada Consagro.

Segurança não era o problema que é hoje e não havia escassez de mão de obra. Os ajustes com a natureza – secas e cheias, frio e geadas – sempre existiram. Era como é: altos e baixos, se saia melhor quem compreendia os ciclos.

Na essência, criar e plantar, agregar valor ao que produz ou ser fornecedor de matéria prima, não mudou nada… novidade mesmo é a tecnologia e o conhecimento agregado!

Em uma das minhas viagens pela Estrada Real, voltei pelo litoral capixaba e da Bahia. Ao passar por Caraiva, conheci essa Senhora, planetária, americana, brasileira, baiana, de descendência dos povos originais. Sua beleza, única me encantou. Conversamos muito. Ela era raiz do lugar da primeira invasão do Brasil, onde eles disseram “terra a vista”. Dizer que “descobriram o Brasil” talvez tenha sido a primeira mentira dos Portugueses em terras brasileiras.

Pedi para tirar uma foto dela e ela permitiu. Conversamos, proseamos, falamos de tudo, de tradições, artesanato de coco, de cocada, de peixe fresco assado na folha de banana, de turismo, de terra, agricultura, pesca… Ela não vinha da Escola, ela era a Escola, a Professora, o sistema de educação esquecido.

Arrumando meus arquivos fotográficos, achei a foto, mas nos arquivos da memória não achei o nome daquela estrela, daquele figura humana, mulher, altiva, senhora, soberana, mãe, avó, com seu rosto lindo de sol, de praia, de madeira nativa, verniz de carnaúba, uma escultura impressionante.

Não são palavras escritas ou ditas que farão ninguém entender a magia de olhar naqueles olhos, ouvir aquela voz, contemplar aquele semblante e perceber aquela energia harmonizada em uma mulher – terra – água e ar.

2 thoughts on “REVIRANDO O BAÚ DA MEMÓRIA

  1. Meu amigo Irmão Carlinhos, essas memórias jamais serão apagadas. Lembro-me da palestra só não recordava o tema. Nessa época éramos felizes e sabíamos como esquecer nossas raízes? Guardo em mim saudosas lembranças da nossa querida Itajuipe.

    1. É sempre uma
      Excelente uma experiência ímpar viajar com Aquino, primeiro o cuidado de estudar as regiões e particularidades por onde irá passar. A simpatia e a facilidade que tem com as pessoas se converte em grande amizades para o resto da vida. Meu querido irmão Aquino, que Deus o abençoe sempre e me inclua sempre nos novos projetos. Beijos

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