NOVOS HOMENS, NOVAS MULHERES, NOVOS CASAMENTOS?

NOVOS HOMENS, NOVAS MULHERES, NOVOS CASAMENTOS?

 

Hoje, talvez não por acaso, encontrei um colega dos passados tempos de faculdade a quem não via há mais de trinta anos.

A alegria do inusitado encontro, sempre previsível ao vivos, foi comemorada com lembranças, cafés e abraços.

Após breve atualização do passado e do presente de cada um, ouvi em silêncio, e agora registro, a profunda, séria e até cômica reflexão do querido colega.

Lembrou-me das teses de um professor de Sociologia que tivemos na velha Trabuco, que atribuía à estabilidade e regularidade sexual uma das principais razões para os casamentos. Isso nos idos da segunda metade dos anos 70.

Lembrei a ele, hoje de cabelos grisalhos e sinais expostos do tempo, já avô, a sua condição favorável à época de jovem, bonito, classe média alta, carro e fama merecida de namorador. Eram outros tempos. Creio que os hormônios e os neurônios dos humanos não estavam sujeitos a tantas químicas e traumas. Os estresses não tinham consequências tão graves sobre as emoções humanas, as pessoas eram menos frágeis e mais assertivas. Talvez?

Ele se lembrou das histórias do seu avô, velho Coronel, que lhe dizia que a mulher tinha que servir ao marido sempre que ele quisesse e procurasse, isso justificava o casamento, as suas regras, e fazia parte dos deveres da mulher. “Como pode nos dias de hoje o marido assediar a própria esposa? Isso é falta de diálogo, o suprassumo da distância dentro do matrimônio!”

Entre profundas inspirações e longas expirações, típicas de quem desabafa, de quem fala com autoridade de um assunto, me confidenciou que na sua casa sexo só acontecia quando era desejo e vontade da sua esposa, que os diálogos acontecidos, os cortejos e jogos de sedução não mudaram a situação. A ela cabia a decisão de fazer amor quando quisesse. Para ele o tempo foi criando essa condição. Ele atribuía a essa situação, que descrevia como pessoal e própria, sem generalizar, a uma nova condição da mulher, dos novos velhos casamentos, de velhos maridos novos homens, ainda perplexos, perdidos e em formação, talvez renovação e transição. Para ele a pandemia pôs fim a muitos casamentos e atribuiu isso às monogamias forçadas dos tempos atuais.  Gargalhava quando falava das suas teses sociais e sociológicas, com cara de autoridade.

Como playboy aposentado, me confidenciou que não sabe como os homens de hoje paqueram, cortejam ou namoram com essas “novas mulheres”, especialmente em uma cidade onde não se tem lugares para dançar, bons bares para se encontrar, festas populares ou lugares onde gente conhece gente e acontecem coisas naturais e normais entre as pessoas. Papo muito louco, mas com pé e cabeça.

Falei com ele de meu livro e disse que ia escrever sobre a nossa conversa, omitindo nomes. Ele autorizou e riu muito ao imaginar a cara dos colegas Administradores ao tentar associar as declarações ao autor.

Combinamos um almoço para uma próxima ocasião, com direito a cerveja ou vinho. Imagino que virão outras viagens, devaneios. Quem sabe outras verdades?

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