Crime financeiro

O Sistema Financeiro é mais uma vítima do crime? – Por Antônio Carlos Aquino de Oliveira

Não vou fazer levantamento de dados, estudos e pesquisas para descrever um crime do qual fui vítima e observo estar disseminado, banalizado no Brasil.

Se sistemas robustos de governos, instituições e empresas poderosas estão sendo absurdamente invadidos, imagine a que sorte está relegado o cidadão comum.

Ao perceber que os benefícios da minha aposentadoria não haviam sido creditados em minha conta bancária na data programada, fui até a gerência saber o que havia acontecido. Para minha surpresa, mas não do executivo da instituição financeira, um meliante havia entrado no sistema do INSS e se apossado de meus dados, alterando o banco e a conta para depósito. Só nesse dia, o gerente do banco atendeu quatro ocorrências desse tipo. Sem meu conhecimento, o crédito do meu benefício foi parar no banco 389, no PA do Banco Mercantil de Vitória da Conquista. Isso passou pela Central de Análise do INSS, com protocolo, data da solicitação, feita por um celular de prefixo 97 – que não é da Bahia -, e com um documento meu já vencido. Na Polícia Federal, seus qualificados e educados delegados me informaram que teriam que ser acionados pelo INSS. Surpresa complementar foi ir ao endereço do Banco Mercantil em Salvador e lá descobrir que ele não existe na Bahia desde 2020, mas está na Internet.

Se fantásticas estruturas como a do INSS e do sistema financeiro são tão frágeis e vulneráveis, o que dizer da situação dos simples mortais?

Não acredito que o sistema financeiro nacional seja parte do crime, mas, sem dúvida, é mais uma vítima da impunidade no Brasil, de um sistema de justiça falido, podre que a ninguém de bem protege e salvaguarda. Os asquerosos bandidos são tratados como vítimas e as vítimas estão marginalizadas, discriminadas, ofendidas e desassistidas.

A nova salvação do mundo, a dita e endeusada tecnologia, tornou-se um covarde e impune mecanismo de crimes contra o frágil e vulnerável cidadão comum.

Os golpes se sucedem sem punição. O lado maldito das redes ditas sociais, das emergentes plataformas de compra e venda de tudo, a incontrolável e imperdoável venda de dados privados, a manipulação de mentes dementes por algoritmos dão o tom das novas pandemias.

A imprensa não banaliza a situação quando diariamente expõe casos e mais casos de estelionatos, mas a sociedade brasileira, tão intolerante com os diferentes, com as escolhas políticas e religiosas das pessoas, não reage a quem lhe rouba, fere e mata.

Há algo estranho com esse comportamento omisso, permissivo e  passivo das pessoas, de prevaricação por parte dos poderes constituídos, dos bancos e suas entidades. Ninguém deveria abrir conta em bancos para dar golpes. Pix fruto de crimes tem destinatário e ele deveria ser identificável. Não é compreensível essa situação para o cidadão comum, não é razoável.

Pelo que está exposto na mídia oficial, não vai faltar dinheiro para as campanhas políticas, mas, a cada estelionato de que um brasileiro inocente é vítima, alguém fica mais pobre, mais ofendido e violentado, desmoralizado por desamparo na agressão, e isso não é pouco em um país de tanta gente pobre.

A desesperança nos adoece a alma, a violência nos rouba, nos mata. Um homem sem esperanças e violentado torna-se um ser traumatizado, já não vive, sobrevive.

Antônio Carlos Aquino de Oliveira, Colunista, Falando Sério

 

 

 

 

Antônio Carlos Aquino de Oliveira

Administrador, Consultor, Palestrante e Empresário do setor de publicidade

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