mesas de restaurante

A classe média não vai mais ao paraíso – Por Antônio Carlos Aquino de Oliveira

Historicamente, “classe média” sempre foi o recheio dos sanduíches das bocas grandes, dos ratos e das formigas. Também é aquela zona cinzenta de conforto e desconforto do que parece tudo, mas é muito pouco. Tem até subdivisões: A, B, C… Mas, na essência, ela é quem segura as barras dos extremos; o amortecedor dos pesos e contrapesos.

No amadorismo que permeia muitas estatísticas e estudos no Brasil, o papel da “classe média” nunca é devidamente explicado, muito menos entendido. O respeitável público não quer pensar no assunto.

Recentemente, um amigo empresário do segmento de restaurantes me traçou um quadro da situação do setor, ao seu olhar e experiência. Além dos aspectos econômicos, financeiros e estruturais da economia como um todo e das condições reais da classe média, ele constatou que na linda orla de Salvador não tem um único restaurante digno de indicação e frequência. Que em todo o litoral norte há no máximo três que merecem ser visitados, e que em toda a cidade não chegam a dez. Ele se referia ao conceito técnico de restaurante, observando os requisitos qualificadores desses empreendimentos. Fez referência a alguns lugares onde se come bem um ou dois pratos, as comidas do dia a dia. Não contra-argumentei sobre o assunto na terra do já teve e do já foi, mas, não parei de pensar no assunto.

Quem sustenta as empresas são os clientes, em todas as classes. Quem cria referência para os empreendimentos é a qualidade. Óbvio. O tal do mercado, um Deus para muitos e um satanás para muitos outros.

Uma coisa é certa: as cidades refletem a situação das suas economias, das condições reais das suas classes econômicas. Seja nos condomínios, na sustentação de restaurantes, na inadimplência nos serviços como escolas, planos de saúde, nos saldos bancários e de cartões de crédito, além de muitas outras variáveis que mostram uma realidade não exposta, uma verdade não assumida pela sociedade e muito menos pelos políticos e governantes.

Um dia a “classe média” foi ao paraíso, mas, há muito tempo não vai mais. Tudo ficou muito sacrificado e tenso. A manipulação da realidade e das mentes promovida pela mídia, pelas modas, pela publicidade e propaganda, pelas redes sociais (sociais?) não permite que as pessoas, individual ou coletivamente, falem seriamente do assunto e tomem atitudes de mudança. Não há certo ou errado nisso; há consequências.

Antônio Carlos Aquino de Oliveira, Colunista, Falando Sério

 

 

 

 

Antônio Carlos Aquino de Oliveira

Administrador, Consultor, Palestrante e Empresário do setor de publicidade

2 thoughts on “A classe média não vai mais ao paraíso – Por Antônio Carlos Aquino de Oliveira

  1. As restrições à circulação de pessoas torna o quadro mais agudo, ao meu olhar.
    A questão que se coloca é: -como sair disso ?
    A pensar…

  2. O fato ficou restrito a salvador não, a bagaceira pior no interior, as políticas econômica a pior possível os Mei favorecidos e nos oneroso e muitos nem ligam
    Precisamos dessa corrente Aquino fortalecer em torno do comércio médio e a classe média aparecer mais

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