Ignorância é uma doença que tem cura? – Por Antônio Carlos Aquino de Oliveira
Atribui-se a Galileu Galilei a frase: “Nunca encontrei uma pessoa tão ignorante que não pudesse ter aprendido algo com sua ignorância.” Sempre foi possível ver e perceber pessoas brutas, sem nenhuma formação, conceituadas e rotuladas de ignorantes, realizando tarefas delicadas, de grandes requisitos de complexidade, atenção, disciplina e cuidado.
Eis portanto um assunto complexo, como complexa é a natureza humana. Conheço pessoas, classificadas como ignorantes, das quais já vi grandes gestos de amor, lealdade, consideração e carinho. Crianças nascem puras, inocentes, prontas para, se bem educadas, tratadas, nutridas, cuidadas e orientadas, serem grandes cidadãos e cidadãs, agentes de transformação. O que acontece então com a formação e o desenvolvimento das crianças que se transformam em pessoas brutas e ignorantes, malvadas e perversas, más e cruéis?
Não proponho respostas, sugiro reflexão, pensar com seriedade no assunto. Cada um de nós carrega em si lados civilizados, bem formados e informados, amorosos e carinhosos, mas somos todos capazes de agir com imensa brutalidade e ignorância, coisas do instinto animal e da natureza humana.
Longe de mim aprofundar um tema tão complexo com tantas variáveis contextuadas, mas quero provocar o debate sobre uma vertente da ignorância que observo no comportamento humano, em especial de alguns políticos profissionais, e alguns funcionários públicos, dos mais diversos cargos, de todos os poderes: a canalhice, a falta de honra e caráter, a indignidade em forma de pessoas humanas. Cabe ressaltar que essa minha abordagem de “ignorância” não tem nenhuma relação, e não tem mesmo, com a formação acadêmica, com conhecimento científico, com poder econômico e político, com cargo, nome ou sobrenome dos grupo a que me refiro.
A exemplo dos mais abomináveis tipos de agressores de idosos, crianças, mulheres e pessoas indefesas, a ação criminosamente absurda dos corruptos, dos ladrões do dinheiro do suor coletivo, dos canalhas que com suas devastadoras atitudes de ganância e usura destroem nações, condenam sociedades, promovem destruição e guerra evidencia a sua total ignorância do que seja ser humano e do papel dos seres humanos na terra.
Se é ignorância a condição pessoal de quem não tem ciência da funcionalidade e utilidade das coisas, da existência de verdades fora do seu universo de conhecimento, de noção da realidade e acontecimentos contemporâneos ao seu redor, podemos afirmar sim que a ignorância tem cura.
Podemos questionar se é doença ou uma escolha de comportamento a condição existencial de uma pessoa desprovida de conhecimentos, cultura e estudo, mas, com certeza, não é a formação acadêmica, nem são os aspectos culturais que tornam uma pessoa menos ignorante, estúpida ou imbecil.
Nada tem sido mais desagradável e agressivo com os cidadãos comuns, em especial as crianças e jovens, mais prejudicial e perigoso para o futuro da nação que assistir cotidianamente o comportamento grosseiro, incivilizado e depravado de quem justamente deveria ser exemplo, modelo e referência para todos. A ignorância de certas pessoas em determinados cargos, papéis e funções não pode ser perdoada nem tolerada. Já a ignorância que não mata, não ofende e machuca, não agride e destrói pode sim ser transformada.
A ignorância dos que não sabem, não conhecem, não aprenderam, não tiveram oportunidade de acesso à educação é uma doença sim, mas da Nação, e ela tem cura. A cura está exatamente em enfrentar e extirpar a causa da doença: os ignorantes de alma, de índole, de caráter e valores humanos dignificadores.
Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância – Sócrates
Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância – Sócrates
O sábio pode mudar de opinião. O ignorante, nunca – Kant
Onde há amor e sabedoria não há medo e nem ignorância – São Francisco de Assis
O egoísmo causa a ignorância, a cólera e o descontrole, que são a origem dos problemas do mundo – Dalai Lama
A sabedoria e a ignorância se transmitem como doenças; daí a necessidade de se saber escolher as companhias – William Shakespeare
Quem conhece a sua ignorância revela a mais profunda sapiência. Quem ignora a sua ignorância vive na mais profunda ilusão – Lao Tsé
Na política e na vida, a ignorância não é uma virtude – Barack Obama
Antônio Carlos Aquino de Oliveira
Administrador, Consultor, Palestrante e Empresário do setor de publicidade